Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer. João 15:15

No livro Choice Theory [Teoria da Escolha], William Glasser escreveu: “Mal temos conseguido tocar a superfície da prosperidade que poderíamos experimentar, se mudássemos do conceito de chefiar para o de liderar no ambiente de trabalho. Não sou ingênuo para dizer que as pessoas não trabalharão duro para os chefes. Muitas o farão porque se veem como trabalhadores dedicados, independentemente do tratamento recebido. Essas pessoas darão suas mãos e até o cérebro ao chefe. Mas entregarão o coração apenas a um líder, e o sentimento que experimentamos quando isso acontece é algo que um chefe jamais conhecerá” (p. 289). No trato de Jesus com Seus discípulos, encontramos o exemplo máximo desse conceito de liderança.

Entre alguém servir sob a motivação do medo ou do mero recebimento de salário, e servir motivado pelo amor que responde ao amor de um líder, há uma grande diferença. O Mestre exemplificou um modelo radical de liderança em que Ele e Seus liderados eram, antes de tudo, amigos. A expressão “servos” do texto em consideração é “escravo” em grego, alguém que trabalhava sob um regime estrito. Esse tipo de servo nunca seria informado a respeito dos negócios do respectivo senhor, não receberia nenhuma satisfação de seus feitos, muito menos informação confidencial. “Tais escravos estariam por demais afastados do seu senhor que não reconheceriam qual o processo dos seus pensamentos, e, por isso mesmo, não gozariam de qualquer indício da vontade dele, nem mesmo as razões de suas determinações” (Russell Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 2, p. 545).

Por outro lado, ao escolher, capacitar e comissionar Seus liderados, Jesus os declarou “amigos”, aos quais Ele havia revelado todos os desígnios do Pai e com os quais estava intimamente associado na missão. Ainda havia muitas coisas que entenderiam além do que até então lhes havia sido revelado. Logo estariam sem a presença física do Líder, e a garantia de que eram amigos transmitiria a segurança necessária para continuar. O sentimento de quem trabalha para um amigo não é o mesmo de quem trabalha para um desconhecido. Pode haver dedicação e ainda faltar a motivação suprema. O senhor amigo terá naturalmente algo mais: o amor de quem serve, em resposta ao amor que recebe. Com Jesus, estamos numa ação entre amigos. Não se exclua dessa parceria, ela sempre dá certo.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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