Realmente este homem era o filho de Deus! Marcos 15:39

Aquele não seria um dia qualquer de trabalho. A tensão estava no ar, a agitação tomava conta do povo. Mas a ordem do dia que lhe havia sido comunicada, depois de um julgamento ilegal que havia tomado a noite inteira, talvez não fosse novidade para o centurião. De fato, muitos outros condenados já haviam recebido a mesma sentença. Com sua companhia de cem soldados, ele deveria executar um jovem agitador que Se declarava o Messias. Isso ele realizou friamente, como rotina. Executada a ordem, ali estava ele ao pé da cruz, frio e calculista, enquanto o Filho de Deus, erguido entre o Céu e a Terra entregava a vida pelo resgate do mundo.

Contudo, algo diferente do que havia sido planejado aconteceu, e o atingiu em cheio. O sinal do cumprimento do anúncio da morte do Cordeiro de Deus foi visto no véu rasgado no interior do templo. A Terra sacudiu, o sol reteve seu brilho. Envolvido pela rotina de executar tantos criminosos à morte de cruz, aquele comandante jamais pensou em ver uma manifestação da natureza em reação à morte deles. Mas ele não estava diante de um condenado comum, e O reconheceu: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus!”

Para alguns eruditos, essa pode não ter sido a expressão de um coração imediatamente convertido a Cristo. Entre os argumentos, o fato de o comandante ser pagão. Isso o teria levado, diante do que tinha visto, a atribuir tudo a um milagre no contexto de seu mundo sobrenatural. Nesse caso, “Filho de Deus” poderia ser apenas “filho de um deus”. Entretanto, Ellen White afirmou: “A paciência divina do Salvador e Sua súbita morte, com o grito de vitória nos lábios, haviam impressionado esse pagão. No corpo ferido e quebrantado, suspenso na cruz, o oficial reconheceu a figura do Filho de Deus. Não pôde deixar de confessar sua fé” (O Desejado de Todas as Nações, p. 770).

Precisamos contemplar pessoalmente a Cristo. Todos corremos o risco de perdê-Lo de vista em meio a nossas atividades habituais, mesmo que sejam práticas e rituais da religião. Não é por intermédio delas que O vemos; mas, antes delas O contemplamos, reconhecemos e O aceitamos como nosso Salvador. Ele quebra a rotina, quebranta o coração e enternece o ser. Não podemos deixar que o importante encubra o essencial nem que o comum esconda o sublime. Cristo deve ser nosso companheiro de jornada em cada passo do caminho. Isso é que é viver.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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