Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Oseias 6:6

O ministério profético de Oseias foi desenvolvido entre os anos 750 a.C. e 730 a.C. Teve seu início cerca de cinco anos antes do fim do reinado de Jeroboão II, em Israel, e terminou aproximadamente cinco anos antes da conquista de Samaria pelos assírios, em 722 a.C.

O livro começa com a surpreendente história do casamento de Oseias com a adúltera Gômer, cuja aceitação e perdão do profeta refletia o trato amoroso de Deus com Seu povo rebelde. Seguem-se denúncias e advertências relacionadas ao comportamento infiel do povo de Israel e anúncios de castigos. Em Oseias 6, uma mensagem contra o falso arrependimento e a religiosidade hipócrita contém uma significativa definição do verdadeiro culto e da legítima experiência espiritual. Acima dos rituais áridos e cerimônias pomposas está a prática do amor e da misericórdia e o conhecimento experimental de Deus. Sem isso, tudo o que a fachada de espiritualidade consegue é desagradá-Lo. No evangelho de Mateus, estão registradas duas referências de Jesus à verdade proclamada por Oseias.

Na primeira (Mt 9:13), o Mestre confrontou os que O acusavam de conivência com o mal, depois de Ele haver chamado Mateus, um publicano, para segui-Lo. Com todo o estigma de desonestidade que essa atividade possuía na época, os judeus encontraram argumentos para tentar desacreditar Jesus, que não hesitou em ressaltar o valor da misericórdia e ensinar que a suficiência própria e o fanatismo nutrido por eles eram tão espiritualmente doentios quanto os erros que condenavam nos publicanos.

A segunda referência foi feita em um confronto sobre o sentido espiritual da guarda do sábado (Mt 12:7). Isso não envolve formas e rituais cansativos e sem vida, mas relacionamento com o Criador. Nos dois casos, prevalece o princípio da experiência religiosa que realmente agrada a Deus: a prática irrestrita da misericórdia, virtude por meio da qual são alcançadas pessoas que nada merecem, além de compaixão pela triste condição moral e espiritual em que se encontram.

Conhecimento meramente teórico das doutrinas, posse de títulos acadêmicos ou funcionais não bastam. É a comunhão com Deus que faz fluir Sua misericórdia através de nossa vida. Com isso, nosso semelhante é abençoado, aceito e resgatado para o reino de Deus. Da mesma forma e na mesma condição em que fomos alcançados: sem nada merecermos.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020 CPB

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