Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29

Jugo e descanso não parecem coisas que se combinam. O primeiro nos traz à mente a ideia de trabalho. Obviamente, não se pode trabalhar e descansar ao mesmo tempo. Na vida rural, o jugo é uma peça de madeira utilizada para unir dois animais a fim de que, no mesmo compasso, trabalhem puxando o arado ou uma carroça. Também é chamada canga ou junta de bois.

Isso implica disciplina, o que torna o jugo originalmente um equipamento útil; afinal, o trabalho é realizado em sincronia. Nesse caso, o propósito do jugo não era tornar o trabalho penoso e difícil, mas dividi-lo entre duas forças. No entanto, com o passar dos anos, ele foi transformado em um instrumento que traz à nossa mente a ideia de escravidão, trabalho forçado, submissão e opressão. Foi assim nos tempos do Império Romano. Em Roma, havia um lugar em que prisioneiros eram obrigados a passar por baixo de uma trave de madeira, enquanto o público ovacionava a prática, símbolo de humilhação. Alguns generais vencedores também costumavam humilhar os soldados derrotados, fazendo-os desfilar sob um jugo colocado sobre duas lanças.

Os ouvintes aos quais Jesus dirigiu o convite para descanso Nele e, ao mesmo tempo, para que recebessem Seu jugo viviam sob o jugo romano. Isso significava experimentar opressão econômica, social, política e religiosa. Além disso, líderes religiosos haviam corrompido a verdadeira fé com imposições doutrinárias legalistas. O povo sofria sob uma religiosidade formal que lhes impunha pesadas cargas sem que isso resultasse em alívio nem conforto.

Marginalizados, pecadores e publicanos tinham perdido a esperança. Leis pesadas, elevados impostos para o templo, formalismo religioso e rituais frios escravizavam mais que libertavam. O sentimento de culpa e indignidade permanecia. Foi nesse cenário que Jesus apareceu oferecendo descanso, fardo leve e jugo suave. Não o jugo formal que lhes era imposto, muito menos um jugo que não significasse disciplina, mas um jugo personificado Nele mesmo. “Venham a Mim”, foi Seu convite.

À semelhança dos animais que trabalham juntos no mesmo jugo, sob o jugo de Cristo andamos juntos, Ele e nós. Em nossas lutas espirituais, não somos deixados a sós. “Meu jugo é suave, Meu fardo é leve”, diz Ele, porque nos ajuda a carregá-los.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA