Disse o Senhor a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura. Êxodo 19:9

De acordo com o imaginário popular, “anda nas nuvens” quem devaneia, sonha com o impossível ou se permite embalar no auge de uma experiência feliz. Está sob “céu de brigadeiro” (sem nuvens) quem vive momentos sem dificuldades, em que tudo dá certo. As duas coisas fazem parte da vida, assim como em nosso dia a dia, ora desejamos o sol ora queremos as nuvens. Cedo pela manhã, minha primeira providência ao acordar é abrir a janela do quarto, deixando o ambiente iluminado. À tarde, pelo menos no verão, quero que as nuvens estejam no céu, amenizando o calor produzido pelo Sol, no lado oposto da casa.

Nuvens são objeto de inspiração para artistas e fotógrafos. Demoramo-nos admirando seus diversos formatos, sua brancura e seu deslocamento no espaço. Sem nuvens, não há neve, relâmpago nem arco-íris. Elas realçam a beleza do pôr do sol e estão presentes nas mais belas paisagens. Apesar disso, quando trazem fortes tempestades, colhemos graves prejuízos. As nuvens são muito importantes para o equilíbrio da vida no planeta, sendo responsáveis pelo ciclo da água e pelo clima; portanto, fundamentais na meteorologia.

Há muitas referências bíblicas às nuvens. Citando apenas algumas: Cristo virá sobre nuvens (Mt 26:64; Ap 14:14). Comparadas à grandeza de Deus, as nuvens são como “pó dos Seus pés” (Na 1:3). Durante a peregrinação israelita pelo deserto, durante o dia, uma nuvem na qual estava o Senhor amenizava os rigores do sol (Êx 13:21). Entre as orientações que deu a Moisés, antes da promulgação do Decálogo, Deus lhe garantiu estar a seu lado, “numa nuvem escura”, a fim de que seu discurso tivesse credibilidade diante do povo (Êx 19:9).

Há outros textos nos quais a glória divina aparece velada por uma nuvem, em benefício do povo pecador. Essa é uma lembrança apropriada do que há em meio às nuvens que, figuradamente, às vezes nos impedem de ser aquecidos e iluminados pelo sol da existência. Essas nuvens são comuns em um mundo imperfeito. Elas parecem esconder de nós o semblante de Deus, porém, lá está Ele, assim como o Sol continua brilhando atrás das nuvens naturais. Atrás das nuvens, o Senhor trabalha em nosso benefício. Por mais longo que seja o tempo de aridez desértica ou de escura peregrinação, há sempre um oásis para o qual seremos guiados sob a nuvem de amor da presença de Deus.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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