Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Mateus 1:1

Não sei se você conhece a história de sua família, ou se gosta de pesquisar suas raízes. Talvez você seja descendente de Confúcio, que morreu há mais de 2.500 anos, mas cuja família continua crescendo na China e no mundo, totalizando mais de 3 milhões de descendentes! Eu já tentei descobrir um pouco sobre meus ancestrais, tanto os De Benedetti, que originaram o nosso aportuguesado De Benedicto, quanto os Carvalhos. Tem até Silva na família. As raízes se espalham pela Itália e percor­rem Portugal, aparentemente com um toque de sangue judeu dos dois lados. Porém, fora os antigos brasões e alguns fatos, não descobri muita coisa. Se me aprofundar, certamente encontrarei nobres e vilões, como ocorre com toda história familiar.

Os judeus gostavam muito de genealogia, até porque isso ajudava a preservar a pureza da linhagem sacerdotal, a história da nação e a própria identidade do povo, sem falar nos direitos à herança. Em muitas sociedades comunitárias, a pergunta “quem é você?” só pode ser respondida com o auxílio do nome dos pais e dos ante­passados. Por isso, os registros genealógicos estão em vários lugares da Bíblia. Cada tribo tinha seu herói. Ser descendente do rei Davi, por exemplo, era uma honra.

Contudo, ao ler a árvore genealógica do judeu mais famoso de todos os tempos, Jesus Cristo, encontramos vários vilões. Como pode um homem tão puro ser des­cendente, por exemplo, de Manasses, que se especializou em fazer o que era mau perante o Senhor? Na ancestralidade de Jesus encontramos assassinato, mentira, ido­latria, adultério, incesto, prostituição e outros espinhos. Porém, o que mais me chama a atenção é o fato de Mateus incluir o nome de mulheres “suspeitas” na lista: Tamar (que fingiu ser prostituta), Raabe (notória prostituta), Rute (estrangeira), Bate-Seba (mulher “roubada” por Davi). Por que não citar outras mulheres mais nobres?

O autor bíblico certamente queria justificar o nascimento “suspeito” de Jesus. Os escândalos dessas mulheres validam o escândalo do nascimento de Jesus, cujo relato vem em seguida. Se pessoas tão ilustres como Davi e Salomão vieram de mulheres sem grande pedigree, ninguém poderia acusar Jesus de ter nascido numa situação constrangedora. Além disso, Mateus escreveu para os judeus. Ele come­çou o livro com uma monótona lista de nomes, como se fosse uma lista telefônica, porque queria mostrar que Jesus, uma figura real, era descendente de Abraão e de Davi, e que cumpria os pré-requisitos para ser o Messias.

A genealogia de Jesus serve ainda para nos dizer que, se ele aceitou nomes problemáticos em sua árvore familiar nas gerações passadas, também pode incluir personagens pecadores na descendência futura. Gente como você e eu.jesus-e-sua-arvore-genealogica-1

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