O que aqueles frágeis judeus estão fazendo? Será que vão restaurar o seu muro? […] Será que vão conseguir ressuscitar pedras de construção daqueles montes de entulho e de pedras queimadas? Neemias 4:2, NVI

Contemporâneo de Esdras, Neemias serviu como copeiro na corte de Artaxerxes. Homem de confiança, ele recebeu permissão do rei para retornar a Jerusalém e reconstruir a cidade e seus muros em 444 a.C. O luxo da vida palaciana não seduziu Neemias, que sabia da difícil situação de seus compatriotas. Assim, ele renunciou ao conforto e, tendo o coração transbordando de fé e confiança no Altíssimo, entregou-se à desafiadora missão: “Vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos de ser opróbrio” (Ne 2:17). A importância da tarefa transcendia a reestruturação física da cidade. Também envolvia a autoestima e segurança de seus moradores.

Era óbvio que tamanha ousadia e coragem não ficariam sem a oposição dos inimigos. Havia Sambalate e os samaritanos, que moravam ao norte, e os povos da Arábia, residentes a sudeste. Neemias tomou providências quanto a eles, mas tinha certeza de que Deus estaria do lado de Seu povo (Ne 4:20). Sambalate ofendeu os judeus com palavras depreciativas, na tentativa de desanimar os envolvidos na tarefa. “O que aqueles frágeis judeus estão fazendo? Será que vão restaurar o seu muro? […] Será que vão conseguir ressuscitar pedras de construção daqueles montes de entulho e de pedras queimadas?”

As pedras aqui referidas, utilizadas na antiga construção de Jerusalém, eram pedras calcárias que perdiam a durabilidade no fogo. Tornando-se assim pouco mais do que poeira, acabavam inúteis para novas construções. Sambalate fixou sua atenção nesse detalhe, mas Neemias viu além; viu o que elas poderiam voltar a ser sob a direção e aprovação divinas. Por isso mesmo, não se ocupou em responder aos inimigos segundo a tolice deles, mas buscou a Deus em oração (Ne 4:4, 5).

Em algum momento da vida, podemos enfrentar o desafio de realizar grandes feitos, tendo à disposição apenas “pedras queimadas”, recursos limitados, restando-nos a fé como única alternativa. Surgirão questionamentos quanto ao que faremos com tão pouco. Esse é o momento de orar e, em vez de nos fazer desistir do dever, precisamos cumpri-lo fielmente.

Pode até ser que sejamos nós mesmos vistos como “pedras queimadas”, inúteis. Alguns questionarão se Deus pode realizar grandes coisas a partir de seres tão limitados como nós. Sim, Ele pode. E muito! Somente espera que nos entreguemos à Sua direção.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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