Será este o Seu nome, com que será chamado: O Senhor, Justiça Nossa. Jeremias 23:6

No livro Justiça Generosa, Timothy Keller apresenta a graça de Deus e a justiça social de mãos dadas. Referindo-se ao público para o qual escreve, ele especifica quatro grupos de pessoas com diferentes visões a respeito dessa parceria. Jovens dispostos a se dedicar ao cuidado dos necessitados, embora sejam escravos do consumismo. Pessoas desconfiadas a respeito da ideia de justiça por acharem que, enfatizando demais esse tema, a igreja se afastará da pureza doutrinária. Cristãos envolvidos com o evangelismo e a justiça social, mas que abandonaram ensinamentos como o do sacrifício de Cristo e a justificação pela fé. Finalmente, o grupo que considera a religião como fonte de violência e injustiça na Terra.

Contrapondo-se a essas ideias e práticas, Keller une os dois temas, afirmando que “a Bíblia não nos chama para simplesmente fazermos justiça e nada mais. […] O evangelho de Jesus cria, necessária e poderosamente, uma paixão pela justiça no mundo. A preocupação com a justiça em todos os aspectos da vida não é acréscimo artificial nem contradição à mensagem bíblica” (p. 15). Sabemos que o tema da justiça para com os necessitados permeia as Escrituras. Os israelitas foram orientados a cuidar de pobres, viúvas e estrangeiros (Dt 10:17, 18; 27:19). Cristo mencionou essa prática como sendo feita a Ele mesmo (Mt 25:40).

O Antigo Testamento contém muitos episódios que mostram o fracasso dos reis de Judá e as consequências na vida do povo. Referindo-se a isso, Jeremias ressaltou a esperança de melhores dias, centralizada no “Renovo justo”, procedente da linhagem de Davi (Jr 23:5). O novo Rei governaria com justiça e sabedoria, em contraste ao rei Zedequias, cujo nome significa “Yahweh é justiça”. Por sua vez, o Messias seria chamado de “Senhor, Justiça Nossa”.

É fato que esse título atribuído a Jesus implicava mais do que justiça social. A amplitude de seu significado só pode ser compreendida à luz do Calvário, iluminada pela afirmação do apóstolo Paulo: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual Se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1Co 1:30). Nessa condição, torna-se impossível para nós ignorarmos a mão e o prato vazio de nosso semelhante.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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