E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Apocalipse 13:2

Jesus fundou uma igreja sem autoridade secular e sem soldados para lutar em Sua defesa (Jo 18:36). Então, de que maneira a Igreja Romana se tornou tão poderosa em questões seculares, culminando na união entre Igreja e Estado e nas sangrentas cruzadas? Do quarto ao sexto século, vários passos importantes foram dados nessa direção.

Durante a época de Constantino, o cristianismo recebeu liberdade de culto e se transformou na religião oficial do Estado. Os monarcas que o sucederem tentaram fazer do cristianismo a religião exclusiva do império. Após Roma ser saqueada pelos visigodos, em 410, Agostinho escreveu sua célebre obra A Cidade de Deus, na qual propôs o ideal de uma Igreja universal no controle de um Estado universal. Essa aspiração foi colocada em prática com o apoio tanto do Império Romano ocidental quanto do Império Bizantino oriental.

A conversão de Clóvis, rei dos francos, foi algo significativo que levou à unificação da Europa ocidental e ao apoio ao papado durante a primeira parte da Idade Média. A guerra de Clóvis contra os visigodos arianos e sua vitória sobre eles em 508 representou um passo importante em prover um exército eficaz para a igreja romana ser capaz de punir os supostos “hereges”.

Em 16 de novembro de 534, Justiniano, imperador do Império Bizantino, enviou uma carta ao papa João II reconhecendo-o como “cabeça de todas as Santas Igrejas”, prometendo “aumentar a honra e a autoridade” de sua Santa Sé. No entanto, foi somente em 538 que a cidade de Roma se libertou do domínio de qualquer reino ariano “herético” e pôde desenvolver com mais eficácia sua supremacia eclesiástica.

Assim, houve uma mudança radical da igreja perseguida dos primeiros séculos para a igreja perseguidora da Idade Média, época na qual milhares foram mortos nas cruzadas cristãs e na inquisição. Não há dúvida de que o cristianismo inspirado no Novo Testamento só pode permanecer verdadeiramente cristão seguindo o princípio de Jesus, “o Meu reino não é deste mundo” (Jo 18:36), sem impor o modelo teocrático do Antigo Testamento. Além disso, deve refletir a regra de ouro, “em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam” (Mt 7:12, NVI), inclusive em questões de liberdade religiosa.      Alberto Timm, Um dia inesquecível, MM 2018, CPB

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