Eles se aproximaram de Felipe […],com um pedido: “Senhor, queremos ver Jesus”. João 12:21, NVI

Com sua fantástica estrutura, o olho foi definido pelo neurocientista Mark Bear, em seu livro Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso, como um “órgão especializado para a detecção, localização e análise da luz” (p. 297). Ele é o início do caminho pelo qual as imagens captadas chegam ao cérebro. Nessa interação olho-cérebro, somos capacitados a ver todas as coisas. Porém, há riscos. Que tipo de imagens, das incontáveis entre as captadas, permitimos ser gravadas no excepcional computador que é nosso cérebro? Em quais nos demoramos em admiração? Certa ocasião, Antônio Vieira disse que “a maior graça da natureza, e o maior perigo da graça, são os olhos. São duas luzes do corpo, são dois laços da alma”. Por uma fresta apenas dessas duas “janelas da alma”, pode entrar o brilho embaçado convidativo ao pecado, ou a graça da luz divina, cabendo-nos a decisão de apagar um e aceitar o outro.

“Travamos um combate incessante contra os poderes das trevas. […] A mente é o campo onde a batalha será decidida, para o bem ou para o mal. Nela, todos os dias se processam milhares de pensamentos e pequenas decisões que determinarão a grande decisão que, no final da História, todas as pessoas terão que tomar. Através de mecanismos intrincados, tudo o que os sentidos captam (odores, sons, imagens) causa impressões indeléveis na mente. Essas impressões comandam os sentimentos, ditam as escolhas e direcionam as decisões” (Elizeu Lira, Intoxicação Digital, p. 163).

Acima de tudo o que o mundo pode expor diante de nossos olhos, acima de todos os mais exaltados seres da Terra, há Alguém a quem podemos e devemos procurar ver, ainda que não seja literalmente agora. Foi o que Davi decidiu fazer: “Pois em Ti, Senhor Deus, estão fitos os meus olhos” (Sl 141:8). Contemplando pela fé a Sua glória, somos transformados (2Co 3:18), e libertados da “vontade de ter o que agrada aos olhos” (1Jo 2:16; NTLH).

O pedido feito pelos gregos deve ser renovado a cada pulsar do nosso coração pois, em contemplá-Lo, está o segredo da vida cristã vitoriosa. Devemos fazê-lo, cada vez com maior atenção, sem desvios e fixamente, a cada segundo da nossa existência, como disse Theodore Monod, “até o momento em que passarmos do tempo para a eternidade, da Terra ao Céu”. Ali, nossos olhos experimentarão, sem lágrimas, o encanto de vê-Lo eternamente em toda a Sua glória.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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