Não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu Santo Espírito. Salmo 51:11

O romance Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, conta a história de um estudante de direito muito pobre, chamado Ródion Raskólnikov. Mal conseguindo pagar as contas, ele resolveu matar uma idosa agiota, Aliena Ivánovna, a quem devia dinheiro e que humilhava seus clientes. Enquanto arquitetava seu plano, se enganava, dizendo que não deveria ser algo tão nocivo matar pessoas maldosas. De fato, acabou cometendo um duplo assassinato, porque também matou Lisavieta, a irmã mais nova da agiota, que aparecera inesperadamente no cenário do crime.

A partir de então, Raskólnikov passou a sofrer verdadeira tortura mental, esmagado pelo sentimento de culpa e pelas tensões dos interrogatórios. Sua dúvida era: Continuaria negando os crimes e sofrendo a culpa ou os confessaria e recomeçaria a viver? Incentivado por Sônia, mulher pela qual se apaixonou, o jovem confessou os crimes, foi condenado a oito anos de prisão na Sibéria e lá começou a tomar um rumo diferente na vida.

Muitas pessoas ainda vivem o dilema de justificar um pecado, negá-lo e sofrer terrivelmente, ou confessá-lo e abandoná-lo. Davi conheceu os dois lados dessa moeda e relatou sua experiência em dois salmos. No Salmo 51, ele abriu o coração em profundo arrependimento e tristeza, reconheceu haver ofendido a Deus com seu pecado e pediu perdão. No Salmo 32, o poeta narrou a penosa trajetória entre a tentativa de esconder o pecado e o alívio desfrutado com o perdão recebido de Deus.

No Salmo 51, ele trilhou com segurança o caminho da graça, ao suplicar absolvição da culpa, mas também expressar a sincera decisão de não mais pecar. Orou, pedindo que fosse admitido novamente ao lugar no qual havia, anteriormente, desfrutado a plenitude divina: “Não me repulses da Tua presença, nem me retires o Teu Santo Espírito” (v. 11).

Para Davi, nada era mais aterrador do que a ideia de tentar viver longe de Deus. Ele sabia que, sem o Santo Espírito, nada seria. Ao pedir que Ele não lhe fosse retirado de sua vida, Davi indicava a certeza de que ainda O tinha trabalhando em seu favor, no seu coração, operando a regeneração e a santificação. Em nossos momentos escuros de abatimento pelo sentimento de culpa resultante do pecado, Deus não nos expulsa nem está longe de nós. Somente espera que nos voltemos para Ele.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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