IMPACTOS DA PORNOGRAFIA E O ABUSO SEXUAL INFANTIL

A exposição à pornografia on-line, que frequentemente começa ainda na infância, tende a persistir durante a vida adulta. Com um potencial viciante semelhante ao dos entorpecentes, ela causa problemas de desenvolvimento e serve como gatilho para o crime de abuso sexual infantil.

Os dados são alarmantes e merecem atenção: a cada quatro segundos, uma criança é abusada sexualmente no mundo (link.cpb.com.br/bab239). O Brasil está entre os países com maior incidência de violência sexual infantil (link.cpb.com.br/e2313e).

Uma das causas desse fenômeno é a crescente exposição de crianças e jovens à pornografia na internet. O apelo pornográfico é global, com milhões de dólares investidos para captar adeptos por meio de jogos on-line, mídias sociais e até propagandas consideradas inofensivas.

O acesso infantil à pornografia, tanto explícita quanto disfarçada, geralmente começa entre 8 e 10 anos de idade (link.cpb.com.br/8adfc5). O perfil dessas crianças inclui a liberdade de navegar na internet sem supervisão de conteúdo e a participação em grupos de jogos on-line.

O potencial viciante da pornografia on-line está associado a uma série de problemas graves, incluindo alterações no funcionamento do cérebro. Por exemplo, a disfunção no sistema de recompensa, no qual o neurotransmissor dopamina é liberado em níveis elevados, causa mudanças significativas e de longo prazo no funcionamento cerebral. Isso atua como modulador de comportamento, visto que o comportamento é a consequência direta do funcionamento do sistema nervoso central (link.cpb.com.br/6388d9).

 A pornografia também está relacionada a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, além da perpetuação de estereótipos de gênero. Essa influência negativa no desenvolvimento de crianças e adolescentes aumenta sua vulnerabilidade a comportamentos sexuais de risco, podendo funcionar como gatilho para atos de abuso sexual.

Uma pesquisadora inglesa descobriu que detentos que cometeram abuso sexual contra crianças relataram que, após uma exposição prolongada à pornografia e imagens de exploração sexual infantil, sentiram-se inicialmente curiosos e, posteriormente, motivados a cometer tais crimes (link.cpb.com.br/ff3df5). Além disso, a exposição à pornografia está associada a maior tolerância ao assédio sexual e à aceitação do mito da violação, um conceito altamente deturpado criado por estupradores que sugere que a vítima queria e buscava o abuso.

É urgente agir contra os perigos que a pornografia e os conteúdos sensualizados representam para nossa sociedade. Como aspirantes ao reino dos Céus, enfrentamos ataques constantes do inimigo (1Pe 5:8, 9) e devemos monitorar de perto os hábitos das crianças. Da mesma forma, as práticas dos adultos devem ser avaliadas à luz dos princípios bíblicos, a fim de que vivam em conformidade com a vontade do Senhor.

Afinal, os hábitos influenciam o processamento do nosso cérebro e nossas ações, interferindo positiva ou negativamente no relacionamento com Deus e em nossa jornada espiritual (Rm 12:1, 2; 2Tm 3:1-5). 

Kelly Veiga é especialista em Neurociências e Comportamento, Revista Adventista, 08/2024, p.50

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