Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. Lucas 15:20
O segundo pródigo na parábola do filho pródigo é o pai. Pródigo em amor, misericórdia e graça. Enquanto o filho esbanjava os bens que deveria ter retido, aguardando a chance para melhor e mais recompensadora utilização, o pai represava no coração uma cachoeira de amor, esperando o momento de abrir as comportas e extravasá-la sem contenções. Esse momento chegou. Ele, que não se cansava de olhar no horizonte todos os dias, finalmente pôde enxergar ao longe a silhueta em farrapos do filho que voltava. Reconhecendo-o, correu a seu encontro, abraçou-o e o beijou.
A atitude do pai quebrou todo o protocolo cultural do Oriente Médio naqueles dias, ao fazê-lo se despojar de tudo, da própria dignidade, para expor seu amor e perdão, antes mesmo que o filho dissesse qualquer coisa. A iniciativa do retorno foi do filho necessitado; a disposição de reconciliar foi do pai. Pessoas de respeito, na posição dele, não corriam. Ele era um patriarca idoso, rico, que tinha autoridade, prestígio e trajava-se com roupas longas e especiais. Assim, o normal era caminhar com sobriedade e elegância.
Contudo, ele estava tão ansioso pelo regresso do filho que correu o mais rápido que pôde. Correndo, teria que levantar um pouco as vestes e mostrar as pernas. Algo inadmissível para um patriarca daquele nível! Mas ele o fez. Não há limites para o amor de um pai. Esse é um exemplo notável a pais em conflito com filhos rebeldes. Nada de impor condições, levar em conta convenções sociais, quando está em jogo a salvação deles. Justamente à semelhança do que o Pai Celestial faz em relação a nós.
O abraço e o beijo que selaram o reencontro foram seguidos da restauração completa: “Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés” (v. 22). Roupa e anel representam a reintegração à condição de antes, como se nada tivesse acontecido. Não seria apenas mais um trabalhador, mas o filho que sempre foi. A vergonha foi escondida pela graça perdoadora. O pai a tinha assumido com seu despojamento.
Você se lembra de algo parecido e que envolveu o Senhor da glória, você e eu? Na cruz, Jesus Se expôs à situação vergonhosa por amor de nós. O benefício eterno é nosso. Estávamos mortos e recebemos nova vida; perdidos e fomos achados. Dele somos filhos e filhas. Pela graça, herdeiros de tudo o que Ele tem. A festa é nossa!
Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB