Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos Céus. Mateus 5:20

O que teria levado Cristo a colocar diante de Seus ouvintes a meta de justiça maior que a dos escribas e fariseus? Quem, afinal, eram eles? Os fariseus eram uma classe de religiosos surgida dois séculos antes de Cristo, considerada a elite espiritual de Israel, que liderava um movimento cujo propósito era promover a vinda do Messias e encaminhar o povo a uma experiência de submissão total às Escrituras.

Apesar de todo esse protagonismo, eles tinham um sério problema. Embora seguissem estritamente a lei, acrescentavam a ela tradições que haviam recebido e criado. Para eles, o Antigo Testamento e as tradições expressavam a vontade de Deus. Os ensinos fundamentados nas tradições pendiam tanto para o legalismo quanto para a autojustificação. Assim, geravam extremismo e exigências pesadas e descabidas que resultavam em hipocrisia da parte deles mesmos. Coavam mosquitos e engoliam camelos (Mt 23:24). Eram orgulhosos, cobiçosos, vaidosos, avarentos e hipócritas. O discurso não refletia a prática, embora fossem respeitados pelo povo.

A busca de justiça que tem como fundamento o esforço próprio em algum momento nos trairá, e a religiosidade apenas exibida exteriormente terá a resistência de uma bolha de sabão. Por isso, Jesus ignorou as tradições dos homens. Disse que, observando-as, os fariseus feriam a Palavra de Deus (Mt 15:3-6), e os denunciou: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim” (Mt 15:7). Infelizmente, eles ainda têm seguidores que vão pelo mesmo caminho de valorizar excessivamente as tradições e subestimar a fé na graça divina.

Os escribas, por sua vez, eram sacerdotes copistas da Torá, nos dias do Antigo Testamento. No tempo de Jesus, destacavam-se pelo conhecimento da lei, a cujo ensino e interpretação se dedicavam durante toda a vida. A eles, realmente, não faltavam dedicação ao estudo das questões espirituais e instrução nelas.

Contudo, esse zelo religioso e o conhecimento doutrinário seriam as características da justiça que dá direito ao reino dos Céus? Evidentemente, não. Há uma justiça infinitamente superior à justiça humana: a que é atribuída por Cristo a cada pessoa que O aceita como Salvador e Senhor. Isso aqueles homens recusavam. Rejeitaram o Messias, ungido de Deus, e a graça por Ele oferecida. A justiça deles não é maior do que a disponibilizada a você e a mim ainda hoje.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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