Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do abismo e uma grande, corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos. Apocalipse 20:1, 2

O colombiano Gabriel Garcia Márquez escreveu uma célebre obra intitulada Cem Anos de Solidão, em que narra a triste história dos Buendía, uma estirpe de solitários a quem não seria dada uma “segunda oportunidade sobre a terra”. Pois “estava previsto que a cidade dos espelhos (ou das miragens) seria arrasada pelo vento e desterrada da memória dos homens” no instante em que um dos persona­gens “acabasse de decifrar os pergaminhos e que tudo o que estava escrito neles era irrepetível desde sempre e por todo o sempre”.

Se eu fosse escrever um livro no estilo realismo fantástico sobre Lúcifer, o anjo caído que passou a ser conhecido como Satanás e muitos outros apelidos, eu o inti­tularia Mil Anos de Solidão. Pois, ao descrever as desventuras desse personagem pelas paisagens do mundo, a Bíblia fala de seu acorrentamento por mil anos no planeta desolado e termina dizendo que a raça dos anjos rebeldes será lançada no “lago de fogo” (Ap 20:10) e apagada da memória dos homens.

Em seus mil anos de solidão, atormentado por uma insônia que, ao contrário do que ocorre na mítica Macondo, não causa esquecimento, mas lembrança, Satanás poderá voltar na história e reviver seu sonho de grandeza transformado em des­vairada loucura. Do tempo de querubim perfeito, iluminado pelos raios da glória de Deus, admirado pelo esplendor de sua formosura, passando pela quebra da har­monia no Céu e pelo desencaminhamento do inocente par no Éden, até a morte do Filho de Deus, tudo desfilará por sua mente.

Sentado em uma rocha perdida na superfície da Terra, mão no queixo, sem­blante anuviado, olhar perdido no labirinto infinito de suas memórias, ele terá a chance de ponderar sobre o motivo de seu orgulho, os movimentos de seu cora­ção e o desfecho de sua rebelião. Seu destino, selado para a eternidade, está perto de ser consumado.

Todos os que se rebelam contra a ordem do universo têm um fim trágico: “mil anos” de solidão no deserto caótico, assombrados pelas más memórias, ater­rorizados pelas chamas do lago de fogo. A diferença entre os anjos rebelados e nós é que a escolha deles já foi feita, e nós ainda podemos escolher nosso destino. Para isso, siga o roteiro de Deus. A felicidade não está em querer sentar-se no trono de Deus, mas em buscar servi-lo. Será que o querubim cobridor não percebeu isso? Você não foi feito para passar mil anos de solidão.lucifer-e-satanas

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