Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções. Salmo 137:1-3

Os sentimentos dos israelitas exilados em Babilônia são intensamente expressados no Salmo 137, chamado por alguns “o cântico do cativo”. Misturam-se sentimentos de tristeza, saudade e desejo de vingança. O fato, porém, é que eles colhiam o resultado de terem se afastado de Deus.

Alguns dos cativos são encontrados aqui, assentados às margens dos rios de Babilônia, remoendo um desgosto que parecia além do que era possível suportar. A dor pela perda de Sião e do templo era indescritível. E os babilônios reagiam à tristeza deles pedindo-lhes que cantassem. Esse era um modo de os captores tripudiarem sobre o sofrimento dos capturados. Nesse caso, a humilhação acentuava-se porque, do ponto de vista do inimigo, representava a ideia de que o Deus dos israelitas era inferior a seus deuses.

No entanto, os cativos se recusaram a cantar, preferindo mergulhar no saudosismo. Se cantassem, teriam mostrado que a presença de Deus não é limitada pela geografia e que nada pode nos separar do Seu amor. Teriam exaltado o verdadeiro Deus em uma terra estranha e hostil.

Peregrinando em uma pátria que não é a nossa, também somos desafiados a cantar o cântico de Sião quando somos confrontados com oportunidades de testemunhar diante de pessoas e situações difíceis. Ou quando precisamos ser otimistas em ocasiões de prova e revés. Sempre há os que preferem pendurar as harpas, mergulhando no silêncio angustiante, entregando-se ao pessimismo. Privam-se de desfrutar o melhor da vida.

Apesar de tudo, podemos cantar, especialmente, se nos lembramos de que outros peregrinos são também provados e encontram razão para entoar os cânticos de Sião. Depois, precisamos ter em mente que o louvor liberta das tristezas e frustrações. Jesus cantou na noite em que foi traído, enquanto a sombra da cruz pairava mais densa sobre Seu caminho (Mt 26:30). Sim, Ele cantou quando estava prestes a experimentar as agonias do Getsêmani e do Calvário.

O inimigo espera que respondamos às adversidades da vida com queixas e desespero. Contudo, o louvor nos leva à presença de Deus; a recusa em pendurar a harpa produz ânimo e vigor. Cristo Se oferece para formar um dueto melodioso com cada um de nós em meio às lutas deste dia. Ele sabe o que é cantar em uma terra estranha e de sofrimento e nos dará forças para fazer isso.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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