Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Mateus 10:34

Aqui está mais um aparente paradoxo do evangelho. Cristo, o “Príncipe da Paz” (Is 9:6), “a nossa paz” (Ef 2:14), Aquele que declarou “bem-aventurados os pacificadores” (Mt 5:9), apresenta-Se nesse verso como Aquele que veio trazer espada à Terra. E, nos versos seguintes, ainda menciona a divisão entre familiares, resultante de eventual compromisso firmado com Ele.

Os judeus geralmente relacionavam a existência de paz e prosperidade à presença do Messias, e os discípulos alimentavam o mesmo sonho. Jesus deixou claro que não seria necessariamente dessa maneira. A aceitação Dele nem sempre seria unanimidade, nem mesmo entre familiares ou amigos. Os discípulos receberam a missão de pregar às “ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10:6), e esse era um campo de trabalho caracterizado pela incredulidade em Cristo. Essa atitude tornaria difícil a tarefa e, para eles, as reações seriam surpreendentes. Assim, o discurso do Mestre foi um choque de realidade para aquele grupo.

Mesmo sendo Jesus o pacificador entre Deus e o ser humano, autor e doador da paz para Seus filhos, o evangelho que Ele personificou e que deveria levar paz entre as pessoas pode se tornar motivo de separação entre elas. Não porque o evangelho torne seus adeptos hostis e promotores da discórdia; mas, porque ele derruba tradições e oferece um modelo radical de vida fundamentado na entrega pela fé. O evangelho requer lealdade incondicional. A transformação decorrente disso chamará atenção e suscitará reações. Os incrédulos certamente não aceitarão e, de algum modo, expressarão seu desgosto.

Verdade e mentira jamais conviverão pacificamente. Onde a luz chega, a treva se vai. Nossa época, na qual prevalecem conceitos que minam a influência da fé, provavelmente seja a mais difícil para vivermos o evangelho e colocarmos em prática o discipulado, mas não precisamos temer. Por Sua graça e no poder do Espírito Santo, devemos viver o evangelho e torná-lo conhecido. Nosso Mestre andou por essa mesma estrada, e em Suas pegadas devemos prosseguir. Ao preparar nosso coração para a guerra a ser enfrentada, Ele nos animou: “Não temais” (v. 31), e assegurou a recompensa: “Todo aquele que Me confessar diante dos homens, também Eu o confessarei diante de meu Pai” (v. 32). Mesmo as ameaças que vierem a surgir contra nossa vida terrestre não atingirão a vida eterna que nos está prometida e assegurada Nele.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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