Seja o seu “sim”, “sim”, e o seu “não” “não”; o que passar disso vem do Maligno. Mateus 5:37
Depois do vestibular, anos de estudo, dezenas de provas, monografias e trabalho de conclusão de curso, nada melhor do que participar da formatura, jogar o chapéu para cima, pegar o canudo e buscar um emprego, não é? Mas, no caso de uma turma inteira da Faculdade de Cinema na PUC-Rio, ficou faltando o essencial: a formatura.
Na cerimônia de juramento dos formandos, em janeiro de 2013, a aluna que estava fazendo a leitura do texto resolveu incluir as palavras “ou não” ao fim de cada promessa. “Prometo exercer minha profissão com espírito de quem se entrega a uma verdadeira missão de serviço, tendo sempre em vista o bem comum; ou não”, disse a formanda, e os outros estudantes entraram na brincadeira, repetindo a expressão ao fim de cada tópico lido. Resultado: o juramento foi anulado pela reitoria e a colação de grau da turma se atrasou em meses. Uma formanda que havia conseguido emprego na TV Globo não pôde comprovar que havia concluído os estudos.
“Sim” ou “não” é suficiente. Essa foi a ordem de Jesus, a qual é repetida por Tiago (5:12). Não dá para fazer um juramento com “sim” e “não” ao mesmo tempo. Na verdade, o Mestre disse que nem devemos jurar. Basta dizer a verdade, expressar os fatos. Se a verdade é importante hoje, muito mais naquela sociedade oral.
Jurar em nome de Deus não era pecado. Ao contrário, fazia parte do comando divino (Dt 6:13; 10:20). O problema, ao que parece, é que, no tempo de Jesus, os judeus juravam por tudo quanto é coisa, menos por Deus, para não incorrer em juízo. Buscavam apoio nos votos e juramentos para dar credibilidade às suas palavras.
Atualmente, vivemos num mundo em que existe uma parafernália de leis, documentos e juristas para fazer com que nosso “sim” seja “sim’ e o “não” seja “não”. Seria muito mais barato se todos admitissem que existe um padrão da verdade e o adotassem. Certamente os advogados teriam muito menos trabalho!
Nesse verso, Jesus não está dizendo que nossa conversa deve ficar no “sim” ou “não”. Isso seria frustrante. De igual modo, o foco principal não está no juramento ou no tipo de linguagem que usamos, embora isso faça parte do texto. O que ele quer dizer é que devemos agir de acordo com nossa natureza de filhos de Deus. No âmbito divino, as coisas são claras, cristalinas, verdadeiras, reais. É no território do diabo que surgem a duplicidade, o engano e a mentira. Quando o coração é puro, honesto, íntegro, o “sim” e o “não” refletem o interior. Aquilo que domina o coração é o que sai da boca. Se o cérebro não está dividido, então não há motivo para misturar o “sim” e o “não”.