O que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lucas 18:14

“Dois homens”, disse Jesus, “subiram ao templo com o propósito de orar” (Lc 18:10). Um era fariseu, e o outro era publicano. O primeiro era um religioso instruído, fiel dizimista e praticante das doutrinas. Orava diariamente, jejuava com regularidade e frequentava assiduamente os cultos. Vivia com aparente dignidade. Entretanto, na oração feita ao chegar ao templo, com soberba, não economizou expressões descritivas de seus feitos diante de Deus. Entendia que nada precisava pedir, porém tinha muito a mostrar: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens […], nem ainda como este publicano” (v. 11). Com isso, usurpou vaidosamente a função de julgar os seres humanos.

O publicano, cobrador de impostos, fazia parte de uma classe com alto índice de rejeição. Muitos deles eram corruptos e desonestos. Aquele homem era consciente disso. O espírito e a atitude com que proferiu sua prece refletiam seu senso de indignidade e desvalorização. Certamente, vivia sob a constante lembrança de suas práticas censuráveis, atormentado pelo sentimento de culpa. Sabendo que era rejeitado, entendeu que nada podia esperar, além da misericórdia divina. Isso ele buscou de todo o coração, e recebeu graça e perdão.

O fariseu, ao contrário, imaginou-se acima da graça, embora devesse estar ciente de que nossos atos de justiça praticados fora de um relacionamento de fé com Deus, e para exaltação própria, são apenas “trapo de imundícia” (Is 64:6). Disso também devemos estar cientes, sempre.

O próprio eu nada parecia ao publicano senão vergonha”, escreveu Ellen White. “Assim precisa ser considerado por todos os que buscam a Deus. Pela fé – fé que renuncia a toda confiança própria – precisa o necessitado suplicante apropriar-se do poder infinito. Nenhuma cerimônia exterior pode substituir a simples fé e renúncia completa do eu. Todavia, ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Somente pode consentir em que Cristo execute a obra. Então a linguagem da alma será: Senhor, toma meu coração; pois não o posso dar. É Tua propriedade. […] Salva-me a despeito de mim mesmo, tão fraco e tão dessemelhante de Cristo” (Parábolas de Jesus, p. 159).

Somente em humilhação e sincero reconhecimento de nossa necessidade somos exaltados, pela graça de Deus.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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