Houve então uma guerra no céu. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar no céu. Apocalipse 12:7, 8

Fernando Moraes, o autor do premiado livro-reportagem Corações Sujos, des­creve assim um dos momentos mais dramáticos para os japoneses após o fim da II Guerra Mundial:

“A voz rouca e arrastada parecia vir de outro mundo. Eram pontualmente nove horas da manhã do dia 1° de janeiro de 1946 quando ela soou nos alto-falantes dos rádios de todo o Japão.

“A pronúncia das primeiras sílabas foi suficiente para que cem milhões de pes­soas identificassem quem falava. Era a mesma voz que quatro meses antes se dirigira aos japoneses, pela primeira vez em 5 mil anos de história do país, para anunciar que havia chegado o momento de ‘suportar o insuportável’: a rendição do Japão às forças aliadas na Segunda Guerra Mundial.

“Mas agora o dono da voz, Sua Majestade o imperador Hiroíto, tinha revelações ainda mais espantosas a fazer a seus súditos. Embora ele falasse em keigo – uma forma arcaica do idioma, reservada aos Filhos dos Céus e repleta de expressões chinesas que nem todos compreendiam bem -, todos entenderam o que Hiroíto dizia: ao contrário do que os japoneses acreditavam desde tempos imemoriais, ele não era uma divindade.”

Para um japonês, era duplamente difícil acreditar que seu imperador era ape­nas um mortal e aceitar que o invencível exército imperial, que em 2.600 anos não conhecera uma única derrota, tinha sido aniquilado. E, de fato, muita gente não acreditou na derrota. O livro de Moraes conta a história da seita nacionalista Shindo Renmei, ou Liga do Caminho dos Súditos, que surgiu em São Paulo na década de 1940 e que, após o fim da guerra, sustentava a ideia de que a derrota do Japão era propaganda dos aliados. Em poucos meses, a colônia japonesa, formada por mais de 200 mil imigrantes, estava dividida em dois grupos: os kachigumi, ou “vitoristas”, que não aceitavam a derrota, e os makegumi, ou “derrotistas”, apelidados de “corações sujos” pelos militantes da seita. Radical, a organização começou a assassinar aqueles que acreditavam na derrota japonesa.

De modo paralelo, a Bíblia fala de uma organização criminosa cujos membros se recusam a admitir que seu líder não é divino e que seu vasto exército foi derro­tado. Eles perseguem e matam aqueles que conhecem e aceitam os fatos. Mas um dia a realidade se tornará patente para todos. E os verdadeiros “corações sujos”, os membros da seita radical, serão julgados por seus crimes. Não seja iludido!rendicao-japonesa-ii-gerra-mundial

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