Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que Ele fez habitar em nós tem forte ciúmes? Tiago 4:5, NVI

Insegurança, demonstração de cuidado, egoísmo, prova de amor são apenas algumas das definições para um sentimento controverso e potencialmente destruidor de relacionamentos como é o ciúme. Por causa dele, lares são desfeitos e amizades são abaladas. Embora, no primeiro caso, seja justificável uma reação defensiva equilibrada a uma ameaça real à exclusividade do afeto, há também exageros motivados por desconfiança infundada. No segundo caso, o problema tende mais à inveja, irmã gêmea do ciúme. Em ambos, é preciso haver oração, autocrítica e comunicação.

Na monumental descrição que fez do amor, Paulo disse: “O amor […] não arde em ciúmes” (1Co 13:4). Embora tenha princípios que fundamentam o amor conjugal, esse capítulo trata do amor em sua abrangência maior, além dos limites familiares. Ele está entre dois capítulos sobre a controvérsia dos dons espirituais na igreja de Corinto. O amor se sobrepõe a todos os dons, como dom maior, solução divina para os atritos interpessoais. Ele não comporta ideais que visam à satisfação egoísta de uma pessoa em detrimento das outras.

Então, por que, ou de que maneira, Deus teria “fortes ciúmes”? Não encontrando em nenhuma outra parte da Bíblia essa expressão, eruditos apresentam uma série de possíveis razões literárias para seu aparecimento ali. Uma delas é a seguinte: “Nossa lealdade a Deus e ao mundo eterno é um tema do ciúme de Deus […]. O uso de tais termos como ‘ciúme’, ‘ira’, ‘prazer’, referindo-se às atitudes divinas, expressa as realidades divinas como a linguagem humana inexata” (Russel Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 6, p. 65).

Há outros textos bíblicos nos quais o próprio Deus Se apresenta como zeloso (Êx 20:5; Dt 32:16; Js 24:19; Sl 78:58; Ez 39:25; entre outros). Com tal sentimento, Ele anseia por nós e deseja ter-nos cada vez mais perto Dele. Deve reinar absoluto, sem rivais ameaçadores à Sua primazia em nossas afeições. O que Tiago diz a você e a mim é que nosso Criador e Redentor, por meio do Espírito em nós, deseja nos fazer totalmente, exclusivamente e para sempre Dele. Acaso, precisaríamos de algo além da cruz para termos uma ideia da intensidade dessa demonstração de “fortes ciúmes”? O ciúme humano pressupõe exigência; o de Deus, entrega.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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