Caia eu, pois, nas mãos do Senhor, porque são muitíssimas as Suas misericórdias, mas nas mãos dos homens não caia eu. 1 Crônicas 21:13

Davi sempre foi altamente favorecido por Deus. Enfrentou animais ferozes e um gigante e os venceu. Sobreviveu às artimanhas de Saul contra ele. Tendo assumido o trono de Israel, levou o reino a prosperar. Opositores internos e externos foram dominados, embora, à semelhança de todo mortal, o rei também tivesse cometido erros.

Um desses momentos nublados da vida de Davi foi quando ele ordenou que se realizasse um censo da nação israelita. Na primeira menção a esse fato, é dito que o Senhor permitiu que o fizesse (2Sm 24:1), considerando que a Bíblia, às vezes, atribui a Deus aquilo que Ele não impede. Na segunda, a intromissão de Satanás é claramente referida (1Cr 21:1).

Recenseamentos não eram incomuns aos israelitas. Deus mesmo ordenou que Moisés o fizesse (Êx 30:12; Nm 1:2, 3; 26:2-4). Entretanto, no caso de Davi, o gesto pareceu ter a motivação de se gloriar no poder humano, quando Deus já lhe havia concedido provas de Sua direção nos negócios do reino. Isso foi pecaminoso. Embora advertido por Joabe sobre o perigo que seu ato representava, o rei não recuou. A resposta do desagrado divino sobre a nação não tardou.

Humildemente, Davi reconheceu: “Pequei muito!” Foram dadas a ele três opções de castigo: duas por meio de inimigos humanos. E a terceira, diretamente do Senhor. Familiarizado com as guerras e a impiedade humana, o rei entendia que, mesmo castigando, Deus é infinitamente mais gracioso. Escolheu a última alternativa.

É sempre assim. Somos propensos a assumir o papel de juízes implacáveis em relação a nossos semelhantes, enquanto Deus mescla justiça e misericórdia em Seu trato com eles e conosco. Estamos sempre julgando e condenando pessoas, sem nos preocuparmos em calçar seus sapatos e, de seu ângulo, avaliar tudo quanto as afeta. Adultos se esquecem de que foram crianças, adolescentes e jovens. Professores não se lembram de que foram alunos, patrões se esquecem de que foram empregados. Pais perdem de vista o tempo em que foram filhos. Em um conflito interpessoal, assumimos posição de um lado sem ouvir o outro.

Somos moldados pela disciplina de Deus, justamente porque nela sentimos o afago restaurador de Sua misericórdia. Não há um só ato da parte do Senhor que não seja motivado e conduzido com amor. Isso devemos imitar em todo trato com nosso semelhante.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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