Contentem-se com o que vocês têm. Hebreus 13:5, NVI

A simplicidade é uma virtude que anda de mãos dadas com outras. A ela estão ligadas a franqueza, naturalidade e transparência dos nossos atos. Nada de afetação. Mas isso parece trafegar na direção contrária ao pensamento contemporâneo que nos impõe a ideia de que o melhor da vida se resume no acúmulo de coisas e na sofisticação do comportamento, geralmente ao preço da falta de paz, excesso de ansiedade e prejuízos, inclusive relacionais. Esses são apenas alguns frutos pouco saborosos que podem ser colhidos. Essas pessoas necessitam reencontrar o caminho da simplicidade que liberta dessa pressão consumista e permite ter paz de espírito.

Contudo, há o risco de se levar a simplicidade ao extremo, associando-a à conduta ascética, de renúncia dos recursos que conferem relativa qualidade à vida. O Senhor sempre quis abençoar Seu povo, reservando para os israelitas o que de melhor eles poderiam ter desejado. Moisés descreveu: “Porque o Senhor, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, […] em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; […]. Comerás, e te fartarás, e louvarás o Senhor, teu Deus, pela boa terra que te deu” (Dt 8:7, 9, 10).

Jesus Cristo disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Nele encontramos vida de qualidade, espiritual e material. Ele nos ensina e ajuda a colocar as coisas materiais em sua verdadeira perspectiva, permitindo-nos possuí-las na medida em que sejam úteis para nosso bem-estar, sem deixarmos que elas nos possuam ou nos escravizem. Portanto, devemos exercer vigilância, a fim de que o interesse pelo material não seja um obstáculo em nossa corrida em busca do que nos satisfaz espiritualmente. Podemos ser libertos do labirinto das coisas e encontrar verdadeira alegria na simplicidade do que Deus, em Sua providência, nos conceder.

Depois de ter estado conosco durante alguns dias, justamente quando me aposentei, minha neta Luísa, então com cinco anos, voltou para casa levando as notícias: “O vovô Zinho não vai mais trabalhar. E ele tá rico! Comprou um carro, me levou ao parquinho e comprou dois sacos de pipocas!” Quanta pureza nessa expressão de contentamento com coisas simples, na mente infantil! Nenhum adulto precisa estacionar especificamente nesse nível, mas precisamos aprender a viver contentes e agradecidos pelo que temos.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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