Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. Atos 11:26

Na peça “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, dois jovens das famílias rivais Montéquio e Capuleto, acabaram se apaixonando. Em um diálogo em seu amado, disposta a romper com a identidade que os separava, a fim de viver o amor entre eles, Julieta argumentou: “O que há num nome? O que chamamos rosa teria o mesmo cheiro com outro nome”.

Em realidade, um nome pode conter muitas coisas em termos de história familiar, experiências vividas pelos pais ou ascendentes, homenagens a pessoas especiais ou tradição cultural. O que há, por exemplo, atrás do nome de God Knows Setordzi (Deus sabe Setordzi), um africano nascido em Gana? O que teria motivado seus pais a escolher para o filho o nome “Deus Sabe”? Acaso, teria sido uma experiência especial tida com Deus? Não sei. Há pessoas que recorrem à justiça para trocar de nome; outras, para acrescentar sobrenome, e há quem continue com o mesmo nome do qual não gosta.

Na cultura bíblica, o nome de uma pessoa trazia consigo uma significativa história familiar, religiosa, ou estava relacionado com uma faceta do caráter, quando ocorria uma mudança em sua experiência espiritual de vida. Vários personagens tiveram o nome trocado pelo próprio Deus. Sarai, “minha princesa”, de acordo com o Talmud, teve o nome mudado para “princesa para todos”, porque dela nasceria uma grande nação, motivo pelo qual Abrão, “pai ilustre”, passou a ser Abraão, “pai de multidões”. Jacó, “aquele que segura pelo calcanhar”, “suplantador”, tornou-se Israel, “homem que luta com Deus”, “homem que vê Deus”. Ainda hoje, uma tribo indígena de Honduras, os misquitos, costuma mudar o nome entre seus nativos como indicação de morte para o passado e experiência de uma vida nova.

De acordo com o Apocalipse, os remidos receberão um novo nome na eternidade: “Ao vencedor, lhe darei… um nome novo” (Ap.2:17); “na sua fronte está escrito o nome Dele” (Ap.22:4). Isso está relacionado à experiência vitoriosa deles e ao fato de refletirem o caráter de Deus.

Na cidade de Antioquia, os discípulos passaram a ser conhecidos pelo nome de cristãos, diretamente ligado à experiência que tinham com Cristo, o que nos faz pensar no privilégio e na responsabilidade que temos. Ostentar o nome nada significa. Refletir o caráter Daquele de quem ele deriva é o que nos recomendará diante do mundo. Que a operação transformadora da Sua graça nos possibilite essa experiência.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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