Como você reagiria ao descobrir que Deus o criou intencionalmente para se perder? Essa pergunta rude está muito ligada à posição do reformador francês João Calvino (1509-1564) e de seus seguidores. Calvino chegou a declarar: “Chamamos predestinação o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem determinar o que acerca de cada homem quis que acontecesse. Pois Ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como cada um foi criado para um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um foi predestinado ou para a vida, ou para a morte” (Institutas 3.21.5).
Esse conceito foi desafiado pelo teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609), que nasceu em Utrecht, Holanda, no dia 10 de outubro de 1560. Foi professor de Teologia na Universidade de Leiden e escreveu vários livros e tratados. Seus pontos de vista contrários à predestinação calvinista foram sintetizados em Os Cinco Artigos da Remonstrância, de 1610. No Artigo 2, lemos que “Cristo, o Salvador do mundo, morreu por toda a raça humana e por todos os homens. Sua graça se estende a todos. Seu sacrifício expiatório é, em si mesmo e por si mesmo, suficiente para a redenção do mundo inteiro, intencionado para todos por Deus, o Pai. Mas sua suficiência inerente não significa necessariamente sua eficiência real. É possível resistir à graça divina, e somente aqueles que a aceitam pela fé são realmente salvos. Aquele que se perde, o faz pela própria culpa (Jo 3:16; 1Jo 2:2)”.
Em Mais Perto de Deus, Aiden W. Tozer declara: “Certas coisas foram decretadas pelo livre-arbítrio de Deus, e uma delas é a lei da escolha e suas consequências. Deus decretou que todo aquele que voluntariamente se entrega a Seu Filho Jesus Cristo na obediência da fé receberá a vida eterna e se tornará filho de Deus. Decretou também que aqueles que amam as trevas e continuam em sua rebeldia contra a suprema autoridade do Céu permanecerão em estado de alienação espiritual e sofrerão a morte eterna.”
Logo, não existe nenhum decreto arbitrário da parte de Deus elegendo alguns para a salvação e outros para a perdição. Cada um é moralmente responsável pelo próprio destino! – Alberto Timm, Um dia inesquecível, MM 2018, CPB