Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-O. Mateus 26:48

No Getsêmani, depois de ter aberto em oração a alma angustiada diante do Pai, Jesus despertou os discípulos que dormiam, informando-os da aproximação da comitiva que iria prendê-Lo. O grupo estava armado como se fosse enfrentar uma quadrilha, e tinha Judas à frente, como seu guia e informante. O beijo dado na face do Mestre escancarou a podridão de seu caráter e, num instante, ele assumiu seu lugar de personagem extremamente desprezível na história cristã.

O que teria levado esse homem a trair o Messias? Judas não havia sido um discípulo qualquer. Ao incluí-lo entre os doze, Cristo viu nele qualidades que poderiam ser úteis à causa do evangelho. Teve as mesmas oportunidades que tiveram os demais discípulos. Tudo indica que ele era influente e tinha acesso facilitado entre as autoridades religiosas, tanto que esteve com elas se oferecendo para entregar o Mestre e, depois, explodindo de remorso, para devolver as moedas, fruto da traição. Além disso, Judas era um hábil especialista em finanças e conquistou a confiança dos discípulos, tornando-se o tesoureiro do grupo e valendo-se dessa condição para roubar (Jo 12:6). De ladrão para traidor, a distância não foi grande.

As ideias nacionalistas que nutria jamais se harmonizaram com a descrição feita por Jesus sobre o caráter do Seu reino. Em vez de renunciar a elas, ruminava secretamente sua oposição e críticas a Ele. De fato, nunca O aceitou. Jesus “confiou-lhe a obra de evangelista. Concedeu-lhe poder para curar os doentes e expulsar os demônios. Entretanto, Judas não chegou ao ponto de se entregar totalmente a Cristo” (Ellen White, O Desejado de Todas as Nações, p. 717). Exteriormente, mostrava-se leal à causa, mas interiormente não era fiel ao Senhor dela.

Sem rendição incondicional e completa a Jesus, não há caráter que possa ser transformado, fraquezas que possam ser vencidas, más tendências que possam ser redirecionadas. Só existe um meio pelo qual podemos ser desviados do caminho do espírito crítico e insubmisso, autossuficiência, vaidade, hipocrisia, desonestidade, avareza e de interesse egoísta, que caracterizou Judas. Esse meio é o reconhecimento de nossa vulnerabilidade e a entrega sincera e diária do controle da vida a Ele, que conhece os verdadeiros motivos e intenções do coração.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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