Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo. João 21:15

Impulsivo, simplório, irrefletido, inconstante. Assim era Pedro em sua sinceridade. Parecia difícil vê-lo como alguém equilibrado. Ora estava em um lado, ora estava no outro. Em seus altos e baixos, nós o encontramos falando quando teria sido melhor permanecer calado, e também fazendo afirmações inspiradas, à semelhança da que vimos ontem, ou quando Jesus quis saber o que todos pensavam a Seu respeito: “Tu és o Cristo!” (Mc 8:29). Ao ouvir o Mestre falar da própria morte e do abandono de que seria vítima, Pedro falou: “Ainda que todos Te abandonem, eu nunca Te abandonarei!” (Mt 26:33, NVI). Esse era seu problema. Queria se mostrar forte, quando deveria expressar dependência. Então aconteceu o que Jesus previu (Mt 26:34). Pedro O negou. Tendo caído em si, arrependeu-se e ganhou uma nova chance (Jo 21:1).

Era noite, e a lua brilhava intensamente. No entanto, o ambiente estava pesado. O passado havia sido decepcionante, o presente parecia incerto, e o futuro, ameaçador. Pedro estava deprimido, moralmente caído. Se é verdade que a pescaria ajuda a relaxar, talvez tenha sido essa a intenção dele quando disse: “Vou pescar”, no que foi acompanhado pelos outros (Jo 21:3). A tentativa fracassou. Aqueles pescadores profissionais tentaram pescar a noite inteira sem apanhar nenhum peixe.

Contudo, a noite de fracasso chegou ao fim, e os raios do Sol trouxeram a Pedro mais do que um novo dia. Na casa de Caifás, ele havia negado conhecer Jesus, mas na praia, naquele alvorecer, o Mestre o esperava e orientou o método correto para o êxito na pescaria. João O reconheceu, Pedro se apressou a encontrá-Lo. Como precisava daquele momento! Sentiu que Jesus ainda o amava e se interessava por ele. E, quando os demais chegaram, o desjejum já estava pronto – preparado por Cristo – e foi desfrutado em um clima de comunhão e normalidade.

Foi naquele ambiente restaurador que Jesus fitou profundamente os olhos e o coração de Pedro e perguntou três vezes: “Você Me ama?” E tantas vezes quantas O havia negado, o discípulo respondeu: “O Senhor sabe que eu O amo, Senhor!” (NTLH). E recebeu a missão. Pedro ainda estava nos planos do Mestre, apesar de suas fraquezas.

Aquele encontro é animador para nós, porque nos identificamos com Pedro. Se em Jesus vemos nossas possibilidades, em Pedro vemos nossas fraquezas. Existe algo que a graça não possa superar?

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

SEM COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA