Quando leio sobre as intenções de nosso prefeito, de cercear as atividades dos fretados em São Paulo, com a finalidade de melhorar o transito, e atender melhor os usuários desse serviço, e que os metrôs tem condições de absorver mais 50.000 usuários, fico pensando se ele está brincando, ou falando sério.

Sou usuário diário de fretados, há cerca de 7 anos. Moro na Zona Leste e trabalho em Alphaville. Normalmente gastamos 1 hora para a ida, e cerca de 2 horas para a volta. No fretado tenho oportunidade de descansar, ler, assistir vídeos, conversar com os companheiros de viajem, ouvir musicas… enfim, dá para se distrair, sem muito estresse.

Em uma destas manhãs, acordei atrasado, e perdi o fretado, e pude sentir de perto o que o sr. Kassab está nos oferecendo. Normalmente pego o fretado as 6:20h e chego em Alphaville as 7:20h. Como acordei bem mais tarde, peguei uma carona com minha esposa até o Metrô. Fiquei na fila para comprar bilhete (creio que uns 5 minutos). Desci para o local de embarque, e deixei passar 5 trens lotados, onde poucos dos companheiros de jornada se atreveram a tentar entrar. No 6º. Trem que passou, como desceram cerca de 5 pessoas, me atrevi a entrar, juntamente com outras 10 pessoas, porque senão ficaríamos mais um bom tempo aguardando um que viesse mais vazio.

O bom da viajem é que você não precisa se segurar, pois viajamos espremidos uns nos outros, sobrando o espaço suficiente para respirar o mesmo ar viciado que os demais. Pelo aperto, imaginei que ninguém mais iría subir, mas quando chegamos na estação Brás, qual não foi minha surpresa, ao perceber que uma pequena multidão que estava do lado de fora, conseguiu entrar no ônibus, se apoiando nas laterais do trem, virando-se de costas, se empurram para dentro, espremendo mais ainda o que já estava espremido…  Incrível!!! Acho que é dessa forma que o senhor secretário do transporte informou que colocaria mais 50.000 dentro do metro… É uma verdadeira aventura!!! E eles ainda falam que é para carregar as bolsas protegidas na frente para evitar roubos… Os ladrões tem que ser verdadeiros peritos, pois não há espaço para movimentar as mãos…

Quando chegamos a Sé, voltei a respirar, como os demais que sobreviveram a “lata de sardinha”, pois é assim que nós nos sentimos, pois mais da metade dos passageiros desceram nessa estação. Depois do Anhagabaú, deu até para sentar (e no meu fretado viajo tranqüilo sentado, com no Maximo uma pessoa sentada ao meu lado, dentro do espaço designado para cada um…).

Na Barra Funda, parti para a 3ª. Etapa de minha viajem. Essa foi bem mais tranqüila, pois os trens estavam chegando lotados, no sentido Prestes Maia, mas na direção de Itapevi, iam bem menos passageiros, e o trem não demorou nenhuma eternidade. Creio que uns 6 minutos de espera. Consegui ir sentado, e pude usufruir de um pouco de leitura. Não se compara ao conforto do fretado, mas dá para quebrar o galho (os bancos são de plástico duro). Demorou pouco mais de 30 minutos, e eu estava chegando em Carapicuiba, onde desci para iniciar a 4ª.etapa da viagem. Nesta viajem, senti falta dos vendedores ambulantes, que ficam tentando vender suas mercadorias aos gritos, concorrendo com os cegos e os deficientes físicos que pedem uma ajuda para os viajantes… o Shoping Trem sempre tinha mercadorias com preços bem mais em conta que qualquer outro lugar… Mas a ausência deles traz uma pouco mais de quietude a viajem…

Sai da estação, andei duas quadras, e após alguns poucos minutos de espera chegou o ônibus que ia para Alphaville, e com mais alguns minutos de viajem, creio que uns 20 minutos, cheguei finalmente ao meu destino… Que aventura!!! Em um pouco menos de 2 horas de viajem, lá estava eu, pronto para dar inicio aos meus trabalhos… Que falta fez o fretado nesse dia!!! Quem mandou acordar mais tarde???

Gostaria de viajar com o senhor Kassab e o seu Secretário de Transportes, em um horário de pico, sem os seguranças para abrir espaço, seguindo o roteiro acima, para ver se eles aprovariam a idéia de tirar os fretados de circulação. Quem sabe um dia…

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