Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. Lucas 22:31, 32

Depois de haver exemplificado pessoalmente, na Ceia, o espírito de humildade e serviço que deveria caracterizar Seus discípulos, Jesus continuou aconselhando-os e advertindo-os sobre a maneira como reagiriam aos acontecimentos que culminariam com Sua morte na cruz. Judas havia sido envolvido pela trama do grande adversário e estava a caminho de consumar a traição. Contudo, os demais não ficariam isentos da tentação de seguir o mesmo caminho. Afinal, traição e negação andam perto uma da outra. Não por falta de advertência, Pedro negaria o Mestre, e Jesus Se dirigiu a ele. A repetição de seu nome indica a ênfase dada à declaração. A referência a “vocês” destaca que Pedro não seria o único tentado a agir covardemente.

A palavra “peneirar”, joeirar ou cirandar lembra a prática do mundo agrícola de se peneirar grãos, separando os bons dos inutilizáveis. Geralmente temos aplicado a palavra ao conceito de sacudidura, processo que passará a fé dos cristãos pelo crivo, em uma seleção que separará os genuínos dos falsos (Am 9:9). Mas a palavra, também traduzida como “cirandar”, andar de um lado para outro, implica a imagem pintada por Pedro sobre o inimigo, que “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8).

As duas figuras evidenciam que a fé professada pelos discípulos seria provada e que, em torno deles, Satanás trabalhava à espreita, esperando o momento certo de atacar. Pedro prometeu lealdade, dizendo: “Estou pronto a ir Contigo, tanto para a prisão como para a morte” (Lc 22:33). Mas ele não tinha ideia do que aconteceria. Não podia ver o cirandar do inimigo, ouvir seu rugido nem perceber sua sutileza. Caiu, embora tenha se arrependido profundamente.

O modus operandi do adversário ainda é o mesmo. Continua à nossa espreita. Sabendo que o rugido pode ser detectado com menor dificuldade, age também com sutilezas, mascarando motivos censuráveis com ações de bela fachada, inspirando racionalizações e desculpas para o pecado, agredindo violentamente suas vítimas. Seu arsenal é incontável. Com isso, seu objetivo maior é nos destruir. Daí a necessidade de vigilância e oração constantes.

Felizmente, temos Cristo como refúgio e fortaleza. O que Ele garantiu a Pedro naquela ocasião reafirma hoje para nós: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça.”

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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