Quando pensei: não me lembrarei Dele e já não falarei no Seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais. Jeremias 20:9

Eu ainda era um adolescente sonhando com o momento em que daria início a meu preparo pastoral, quando me deparei com esse verso pela primeira vez. Tão intenso e profundo foi o impacto que ele exerceu em mim, que ficou gravado em minha mente e em meu coração com as mesmas palavras da versão bíblica a que tive acesso na ocasião: “Quando pensei: não me lembrarei Dele e já não falarei no Seu nome, então, a Sua Palavra me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; fiquei cansado de suportar e não consegui deter-me.”

Essa declaração está incluída em um lamento, no qual o profeta Jeremias, conhecido como pessoa sensível, expressou sentimentos próprios da humanidade, embora a história de sua vida e seu ministério profético deixe evidente que esses sentimentos não abafaram nele a convicção do dever.

Aqui nós o encontramos lutando com alguma dose de frustração. Considerando que a maior parte de suas mensagens era constituída de advertências sobre destruição, ele havia se tornado alvo de “insulto e censura o tempo todo” (v. 8, NVI). Diante disso, foi tentado a imaginar que a única saída que lhe restava era renunciar à missão de ser porta-voz de Deus. Decidiu, então, calar-se e jamais mencionar o nome do Altíssimo para qualquer pessoa. Mas isso não funcionou. Para ele, a convicção do chamado divino era irresistível, por isso o sentiu como “fogo ardente”, queimando-lhe o mais profundo recanto do ser, impulsionando-o para o cumprimento da missão. Mesmo sob o ataque dos inimigos, sentiu que recuar seria ainda mais difícil do que avançar contra eles. Então o Senhor Se tornou para ele aquilo que deseja ser para nós: “um forte guerreiro” (v. 11), capaz de livrar das mãos dos ímpios.

Entregues nas mãos de Deus e submissos a Seu querer, é certo que Ele fará uso de nossas habilidades para levar Seu amor e perdão a muitas pessoas que estão sem rumo. Ele deseja fazer muito por nosso intermédio. Podemos esperar desafios, aliás, não somente em ações missionárias, mas em qualquer nobre tarefa a que nos propusermos realizar. Mas o forte guerreiro lutará por nós. “Todos quantos se entregam a Deus num serviço desinteressado pela humanidade estão cooperando com o Senhor da glória. Esse pensamento adoça toda fadiga, retempera a vontade, revigora o espírito para qualquer coisa que possa nos sobrevir” (Ellen White, Obreiros Evangélicos, p. 513).

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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