Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Isaías 6:5

Nestes dias em que recebemos incentivos para despertar a “energia interior que existe em cada um de nós”, muitas pessoas parecem ter perdido o senso das próprias limitações, nutrindo arrogância e orgulho. Na vida espiritual isso é trágico. Jesus repreendeu a presunção e vaidade dos líderes religiosos que não eram coerentes e sinceros na prática da teoria que impunham aos ouvintes.

Devemos viver sob a consciência de que fomos comprados pelo preço da vida de Cristo, deposta em sacrifício na cruz. Entretanto, nenhum bem existe em nós (Rm 7:18), e a constante dependência da graça divina é nossa segurança.

O profeta Isaías exemplificou o sentimento de indignidade pessoal diante da glória de Deus e experimentou a maneira pela qual o Senhor trata aqueles que se reconhecem na mesma situação. O rei Uzias governou durante 52 anos (2Rs 15:1, 2; 2Cr 26:1), em parte dos quais Isaías exerceu seu ministério profético. Durante a maior parte do tempo, ele foi um bom rei, seguindo os passos de seu antepassado Davi. Contudo, tendo-se fortalecido, sucumbiu ao orgulho, entrou no templo e ofereceu incenso, usurpando atribuição exclusiva dos sacerdotes. Como consequência de seu ato, ficou leproso e morreu no ano 740 a.C. (2Cr 26:16-23).

Preocupado com os rumos da nação, Isaías foi ao Templo em busca de orientação divina. Nesse contexto, teve uma revelação da glória de Deus. No entanto, a reação do profeta foi diferente da presunção de Uzias. Reconheceu-se indigno diante do esplendor descortinado diante dele. A visão do Senhor no trono e de serafins exaltando o Rei imortal o levou a entender a própria indignidade. “Ai de mim! Estou perdido!”, humildemente exclamou.

Ele sabia que era pecador e, sendo assim, não subsistiria na presença do Santíssimo. Mas, nas palavras de Troy Fitzgerald, “na hora mais escura, Deus conduziu Isaías ante Seu trono e ofereceu uma visão de glória ao profeta. Porém, em vez de lhe dar um conjunto de ordens de marcha que sem dúvida o oprimiriam, Deus lhe ofertou uma abundância da graça que lhe permitiu ficar em pé” (Perguntas de Deus Para Você, p. 168).

Ninguém que tenha uma visão correta de si mesmo, diante da santidade de Deus, permanece a mesma pessoa. Em humilde confissão é aceito, perdoado e purificado. Essa experiência está sempre a nosso alcance.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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