Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo […]. Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Atos 15:37-39

Cada pessoa é única, tem seu modo de pensar e expressar seus pensamentos. Mesmo nos empreendimentos espirituais e nos relacionamentos entre cristãos não existe a obrigação de se concordar com tudo e não se dizer nada. Isso às vezes tem algum preço, mas a maturidade e o afeto cristãos devem prevalecer, mesmo que haja dissociação de pessoas as quais Deus pode usar com o mesmo propósito de espalhar o bem em direções diferentes.

Paulo e Barnabé exemplificam esse tipo de discordância. Foi Barnabé quem apresentou Paulo aos apóstolos que estavam descrentes da conversão dele (At 9:27). Tornaram-se amigos e companheiros no campo missionário, embora nem sempre concordassem plenamente em todas as coisas.

Em uma viagem missionária, Barnabé quis levar seu parente João Marcos, com o que Paulo discordou. O jovem Marcos havia mostrado pouca firmeza diante dos desafios em uma experiência anterior. Barnabé queria lhe dar uma segunda chance. Paulo não cedeu. “Ele não estava inclinado a desculpar a fraqueza de Marcos ao desertar da obra em troca da segurança e do conforto do lar. Insistia em dizer que alguém de tão pouca fibra não estava habilitado para uma obra que exigia paciência, altruísmo, bravura, devoção, fé e disposição para sacrificar, se necessário, a própria vida” (Ellen White, Atos dos Apóstolos, p. 202). Assim, a contenda se fortaleceu e houve a separação. Contudo, diferenças de pontos de vista não significam inimizade entre servos de Deus.

Aqui está uma lição da qual precisamos nos lembrar: deixar bem claro o limite entre o ponto de vista e a pessoa ao nos depararmos com opiniões diferentes das nossas ou opinar diferentemente de nossos irmãos e amigos. Exemplo disso foi a atitude de Paulo em relação a Barnabé, a quem menciona em diversas epístolas (Gl 2:1, 9, 13; Cl 4:10). Em 1 Coríntios 9:6, Paulo falou dele como sendo um exemplo digno de alguém que trabalhava para o sustento próprio enquanto pregava o evangelho.

A coroação do bom senso de Barnabé bem como a coroação da humildade de Paulo aconteceu no fim da vida desse apóstolo. Em sua prisão, ele pediu a Timóteo: “Procura vir ter comigo depressa. […] Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil” (2Tm 4:9-11).

Como você pode perceber, nossas diferenças são como as notas musicais: juntas, nas mãos de Deus, elas podem formar a mais harmoniosa e bela sinfonia.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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