Eu vi a aflição trazida pela vara da sua ira. Ele me conduziu para a escuridão e removeu toda luz. Voltou sua mão contra mim o tempo todo. Fez que a minha pele e a minha carne envelhecessem e quebrou os meus ossos. Me sitiou e me cercou de amargura e de pesar. Fez-me habitar na escuridão como os que há muito morreram. Cercou-me de muros, e não posso escapar; atou-me a pesadas correntes. Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração. Impediu o meu caminho com blocos de pedra; e fez tortuosa a minha estrada.
As tribulações (v.10-19):
Como um urso à espreita, ou um leão escondido, arrancou-me do caminho e despedaçou-me, deixando-me abandonado. Preparou o seu arco e me fez alvo de suas flechas. Atingiu o meu coração. Tornei-me motivo de riso de todo povo; nas suas canções zombam de mim o tempo todo. Fez-me comer ervas amargas (absinto) e fartou-me de fel.
Fez-me comer pedrinhas até quebrar os dentes e pisoteou-me no pó. Tirou-me a paz; esqueci-me do que significa prosperidade. Por isso digo: “Meu esplendor já se foi, bem como tudo o que eu esperava do Senhor”. Como é amrgo recordar meu sofrimento e meu desamparo.
Esperança na fidelidade do Senhor (v.20-33):
Lembro-me destes dias terríveis enquanto lamento minha perda. Mas lembro do que me dá esperança: “O amor do Senhor não tem fim! Suas misericórdias são inesgotáveis. Grande é sua fidelidade; suas misericórdias se renovam cada manhã”. Digo a mim mesmo: “A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança”.
O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com os que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor. É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem. Leve-o sozinho e em silêncio, porque o Senhor o pôs sobre ele. Ponha o seu rosto no pó (submissão); talvez ainda haja esperança. Ofereça o rosto a quem o quer ferir, e engula a desonra. Porque o Senhor não o desprezará para sempre. Embora traga tristeza, também mostra compaixão, pela grandeza de seu amor. Porque não é do seu agrado trazer aflição e tristeza aos filhos dos homens.
O Senhor é justo (v.34-51):
Quando alguém esmaga sob os pés todos os prisioneiros da terra, quando nega a outro o seu direito, em oposição ao Altíssimo, distorcendo a justiça nos tribunais; não veria o Senhor tais coisas? Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o decretar? Acaso o Altíssimo não manda tanto a desgraça como o bem? Por que nos queixamos quando somos castigados por nossos pecados? Em vez disso, examinemos e os nossos caminhos, e voltemos ao Senhor. Levantemos o coração e as mãos para Deus, que está nos céus, e digamos: “Pecamos e nos rebelamos, e tu não nos perdoaste”.
Com tua ira nos envolveste, nos perseguiste e nos massacraste sem piedade. Te escondeste numa nuvem para que nenhuma oração chegasse a ti. Como refugo e lixo, nos lançaste fora, no meio das nações. Todos os nossos inimigos falam contra nós. Sofremos terror e ciladas, ruína e destruição”. Rios de lágrimas correm dos meus olhos porque o meu povo foi destruído. Meus olhos choram sem parar, até que o Senhor contemple dos céus e veja. Meu coração está aflito pelo destino das mulheres de Jerusalém.
Ouve Senhor (v.52-66):
Aqueles que, sem motivo, eram meus inimigos caçaram-me como a um pássaro. Num poço me jogaram e atiraram pedras sobre mim. As águas me encobriram a cabeça, e pensei que era o fim. Clamei pelo teu nome, Senhor, das profundezas da cova. Tu ouviste o meu clamor: “Não feches os teus ouvidos aos meus gritos de socorro”. Tu me dissestes: “Não tenha medo”. Senhor, tu assumiste a minha causa; e redimiste a minha vida. Tu vês o mal que me fazem. Toma a teu cargo a minha causa! Vês como é terrível a vingança deles, e suas ciladas contra mim.
Ouvistes os seus insultos, o que sussurram e murmuram o tempo todo contra mim. Olha para eles! Sentados ou em pé, zombam de mim com as suas canções. Dá-lhes o que merecem, Senhor, conforme o que as suas mãos têm feito. Coloca um véu sobre os seus corações e esteja a tua maldição sobre eles. Persegue-os com fúria e elimina-os de debaixo dos teus céus, ó Senhor.
Apesar de tudo o que estava acontecendo com o povo de Jerusalém, o profeta confiava no amor e misericórdia de Deus. Yahwhe é revelado como um Deus que, apesar de castigar, “não aflige, nem entristece de bom grado e suas misericórdias não tem fim”. As benignidades de Deus – vida, saúde, abrigo, vestuário, afeição humana, e outras bênçãos incontáveis – são renovadas a cada manhã com tal constância que facilmente podemos considerá-las como algo merecido, esquecendo assim que cada uma é um presente, uma manifestação do amor inabalável dAquele que é o doador de todo o bem e dom perfeito.