Há uma diferença significativa entre o que é permitido (lícito) e o que é aconselhável (convém). O apóstolo Paulo tinha plena consciência disso quando afirmou: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. Ao buscar os próprios “direitos”, muitas pessoas ignoram os direitos dos outros. Nós, cristãos, devemos ter uma percepção clara daquilo que é lícito e útil em tudo aquilo que fazemos e dizemos.
Miles Kington afirmou, no jornal inglês The Independent de 28 de março de 2003, que “conhecimento é saber que o tomate é uma fruta, e sabedoria é não o colocar em uma salada de frutas”. É inquestionável que temos o direito de colocar tomates em uma salada de frutas, mas não é isso que costumamos fazer nem é normalmente do gosto das pessoas. Devemos ser culturalmente sensíveis e usar o bom senso em tudo aquilo que fazemos. Nossos atos e nossa conduta devem seguir os padrões de nossa cultura e etnia, contanto que não entrem em conflito com os princípios universais da Palavra de Deus.
O mesmo princípio também deve ser aplicado à nossa linguagem. Nossas palavras têm o poder de construir e de destruir. É fácil transmitir informações corretas com palavras mal-educadas, ou até mesmo com a ênfase errada. Não se esqueça de que “conhecimento é saber o que fazer; sabedoria é saber quando dizer, respeitando como se diz”. Conforme afirmou o rei Salomão, “o que guarda a boca e a língua guarda a sua alma das angústias” (Pv 21:23). E mais: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25:11).
Mas qual deve ser nossa atitude em relação àqueles que não seguem esse princípio? Nossa atitude deve ser inspirada nas atitudes de Jesus no Sermão do Monte (Mt 5–7). Ali Ele nos instrui: “Não resistais ao perverso” (Mt 5:39). Em vez disso, devemos tratá-los de maneira amável, estendendo respeito até mesmo a nossos inimigos (v. 38-48). Na mesma linha, as palavras de Salomão ensinam que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15:1).
Somente uma religião prática é capaz de convencer o mundo quanto ao poder transformador do evangelho. – Alberto Timm, Um dia inesquecível, MM 2018