Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 2 Coríntios 4:7

Geralmente, as mais belas peças artísticas que arrebatam sentidos e dão asas à imaginação são moldadas a partir de algo que parecia desprovido de maior importância. Rabiscos são transformados em belíssimos quadros, notas inicialmente solitárias compõem as mais impressionantes peças musicais. Da matéria bruta, fundida em fogo ardente, o artesão cria delicadas figuras de cristal. Do barro, o oleiro fabrica objetos de cerâmica, vasos riquíssimos em todos os sentidos.

Tendo em mente o símbolo do vaso de barro, Paulo se refere ao privilégio concedido ao cristão de conduzir na vida o “conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2Co 4:6). Trata-se de mais uma bênção resultante da graça. Quem somos nós para merecer esse prêmio? Simples “vasos de barro”. Tanto quanto podemos imaginar, o barro é, em si mesmo, desprovido de valor; é matéria-prima frágil que depende da intervenção do oleiro. Assim, é ele quem determina a forma e utilidade do vaso, e o resultado contém a assinatura do artista.

Essa é nossa condição. No texto de Paulo, os vasos de barro contêm justamente esta ideia: utensílios frágeis, sujeitos a se despedaçar com facilidade, de pouca duração e de pouco valor. Mas Deus está sempre disposto a usar pessoas assim como condutoras das maravilhas de Sua graça, de Seu amor e de Seu reino. Fez isso em Corinto, continua fazendo em todos os lugares e faz comigo e com você.

Existem pessoas que, com o olhar voltado para elas mesmas, não conseguem ver nada além do que consideram irrecuperável. Corações despedaçados carregam profundas feridas resultantes de tantos tropeços e quedas. Perderam a esperança, os sonhos se evaporaram e o sentimento de fracasso é constante. Aparentemente, a voz da consciência lhes diz que algo quebrado não pode ser consertado e, por isso mesmo, deve ser jogado fora.

Contudo, o Oleiro pode tomar nas mãos o barro disforme, juntar os cacos, e formar a partir dele um vaso precioso e útil. Jeremias escreveu aos israelitas: “Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu” (Jr 18:4).

O Senhor pode criar vasos novos e recriar vasos estragados. Barro e cacos apenas precisam estar em Suas mãos. Toda pessoa que sofra com os resultados do pecado tem no Deus dos quebrantados o Oleiro que, por Sua infinita graça, a transformará dia após dia.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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