Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente. Romanos 12:2, NVI
Os desafios para a vivência da fé cristã não são exclusividade da nossa época. Os primeiros cristãos também os enfrentaram na sociedade da qual faziam parte. De acordo com historiadores, Roma era uma espécie de capital do mundo, exibindo imponentes edifícios públicos e mansões residenciais, que contrastavam com desconfortáveis casas, nas quais grande parte da população morava. Havia teatros nos quais artistas atraíam multidões. A corrida pelas posses materiais era frenética. Oferecendo mercadorias provenientes de várias partes do mundo, seu comércio era exuberante e convidativo ao consumismo. Cidadãos romanos tinham direito a tratamento diferente daquele dispensado aos estrangeiros. Com foro privilegiado, teriam julgamento oficial, caso fossem envolvidos em algum crime. Em caso de condenação, era-lhes vedada a morte por crucifixão.
Quanto aos padrões morais, casos de imoralidade sexual eram comuns. Nesse sentido, o próprio Nero se envolveu em crimes extremamente vis. Por outro lado, ali também floresceu uma comunidade cristã, e Paulo se preocupou com ela. Escreveu-lhe a carta na qual destaca que o evangelho é o “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). Em Romanos, Lutero encontrou o instrumento que quebrou as cadeias que o prendiam ao legalismo: “O justo viverá pela fé” (Rm 1:17).
Tendo falado sobre o evangelho da graça, o apóstolo salientou o estilo de vida resultante da ação desse evangelho na vida de quem o aceita. Assim, chegamos a nosso texto no capítulo 12. Inicialmente, ele roga – não força nem impõe – a seus leitores para que se rendam como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (v. 1). Uma entrega de todas as faculdades mentais, intelectuais, físicas, espirituais, sendo o verdadeiro “culto racional”. A consequência disso é a transformação (grego, metamorpho?) da mente, o que não significa apenas uma conformação exterior, mas mudança a partir do íntimo do ser humano.
Essa é a experiência que somos chamados a buscar. Inconformismo com os padrões desta época, superação das tendências consumistas, rejeição dos valores relativos, resistência à pregação de uma tolerância ilimitada que pretende nos impor uma convivência passiva com todo tipo de prática e comportamento. Sem dúvida, a pressão é forte; mas a graça e o poder que Deus nos disponibiliza são invencíveis.
Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB