Jesus lhe disse: “Vá e faça o mesmo.” Lucas 10:37, NVI

Em uma autobiografia intitulada Uma Criança Tratada como Coisa, Dave Pelzer narra sua triste descoberta, bem cedo na infância, de que a família da qual era parte com mais dois irmãos não fazia justiça à imagem de perfeição que ele tinha em mente. Até seus primeiros cinco anos, seus pais, um bombeiro heroico e gentil, e a mãe, dedicada dona de casa, eram diligentes provedores do lar, afetuosos e atenciosos para com os filhos.

Entretanto, a partir de certo momento, não mais puderam esconder algo que transtornou a vida de Dave: eram alcoólatras. Com o tempo, os conflitos ficavam mais evidentes. O pai se mostrava distante, envolvido no trabalho, passivo e submisso diante dos caprichos da esposa e mãe dominadora e cada vez mais agressiva. Talvez por ser mais perceptivo, Dave se tornou o alvo de inomináveis abusos psicológicos, verbais e físicos por parte dela. A autoestima do garoto desceu ao nível mais baixo imaginável.

Certo dia, Dave passou por um exame de rotina realizado pela enfermeira da escola. Na sala dela, despido de seu uniforme escolar, ele foi meticulosamente examinado pela profissional que não escondia o assombro ao ver hematomas, feridas em processo de cicatrização e marcas de queimaduras em seu corpo. Deixando de lado a prancheta com o formulário, para espanto dele, ela apenas o abraçou longamente com ternura e emoção, tentando conter as lágrimas. Pela primeira vez, Dave se sentiu alguém, e diz ter pensado: “Meu Deus! Ela é tão calorosa! Não quero largá-la, quero ficar aqui para sempre.” E acrescenta: “Fechei os olhos, nada mais pareceu existir. Nunca mais me esqueci do seu perfume” (p. 6).

Enfermeiros, que são homenageados neste dia, podem fazer mais do que ajudar na cura física. Caso Jesus Cristo nos contasse hoje história semelhante, concluiria fazendo a todos nós o mesmo apelo que fez ao preconceituoso erudito observador da lei, depois de lhe contar a parábola do bom samaritano: “Vá e faça [pelo semelhante] o mesmo” que o samaritano fez em favor de um homem assaltado, caído à beira da estrada.

O dever de acudir o próximo está acima dos muros religiosos, étnicos, culturais e sociais que costumamos erguer. Você e eu fomos chamados para fazer diferença, servindo em um mundo indiferente e egoísta. Restaurar o próximo, às vezes, pode custar apenas um abraço. Como o daquela enfermeira.

Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB

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