As aves do céu fazem ninho junto às águas e entre os galhos põem-se a cantar. Salmo 104:12

Já imaginou como seria o mundo se não houvesse pássaros? No mínimo, tería­mos florestas mais silenciosas, manhãs menos alegres, um ambiente solitário, um espaço vazio. Variando em formatos e tamanhos, os pássaros sempre encantaram o planeta com suas cores vibrantes e seus cantos maviosos.

Cresci observando os pássaros e ouvindo seus cantos. Meu pai gostava de ali­mentar os canarinhos. Azulões, sabiás e sanhaços estavam sempre em nosso pomar. De vez em quando, as maritacas e os periquitos cruzavam o ar com seu palreio ani­mado. E os curiós alegravam os dias com seus trinados. Como não amar os pássaros?

De fato, uma coisa que encanta nos pássaros é o canto. Eles cantam para se comunicar, enviar mensagens, anunciar o perigo, mostrar sua boa forma, conquis­tar namoradas e defender o território. Muitos pássaros põem o disco na vitrola e não o tiram. Por exemplo, o vireo chega a cantar mais de 20 mil vezes por dia. Alguns pássaros cantam até 2 mil “músicas” diferentes. O pica-pau consegue pro­duzir uma espécie de “canto” com as bicadas. Até agora, quase todas as espécies de pássaros estudadas armazenam seu repertório musical no hemisfério esquerdo. A exceção é o mandarim, que grava os detalhes do canto no hemisfério direito, enquanto o esquerdo responde pela música inteira.

De todos os pássaros cantores, creio que não existe nenhum tão incrível como o uirapuru, característico da floresta amazônica. Os índios dizem que, quando o uirapuru canta, a floresta silencia, embora o mais correto talvez seja dizer que, quando a floresta silencia, o uirapuru canta. Esse pequeno pássaro canta apenas 10 a 15 minutos ao amanhecer e ao anoitecer, durante 15 dias por ano. Mas esses poucos momentos valem por uma vida. Seu canto é uma cantada para a fêmea.

Quando eu era menino, meu pai comprou os LPs gravados por Johan Dalgas Frisch, o filho de imigrantes dinamarqueses apaixonado pelas aves do Brasil. Num deles, intitulado Vozes da Amazônia, com sons da floresta, uma fantástica orques­tra divina, o ornitólogo registrou o lendário canto do uirapuru. A gravação ocorreu no dia 7 de novembro de 1962, no seringal Bagaço, no Acre. Ele relembra que, na noite anterior, caíra uma forte chuva, e, na manhã seguinte, parecia que a floresta toda cantava. O pássaro apresentou sete cantos diferentes. Ao ouvi-lo, fiquei embevecido.

Deus criou os pássaros porque gosta de beleza e de música. Certamente, ele tem prazer em contemplar os pássaros e ouvir seus cantos. Ao ouvir o uirapuru, o próprio Criador deve ficar encantado. Tudo o que Deus faz é para tornar o mundo um lugar mais feliz e alegrar sua vida. Ame os pássaros e o Criador das aves.uirapuru

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