Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai, nós somos o barro, e Tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das Tuas mãos. Isaías 64:8

A nação judaica estava numa terrível situação espiritual. A indiferença religiosa era marcante. Isaías diz que ninguém invocava o Senhor (Is 64:7). Naquela situação, o profeta clamou por misericórdia e fez uma belíssima confissão: “Mas agora, ó Senhor, Tu és […] nosso oleiro” (Is 64:8).

Em nossos dias, poucos fazem essa confissão. Por um lado, há pessoas que não acreditam na existência do Oleiro, ecoando o que o salmista afirmou: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1). Nos séculos 19 e 20, o determinismo da matéria passou a ser cultuado. O homem passou a explicar sua origem por meio de um processo mecanicista-evolucionista chamado naturalismo. Em seu livro Evolution in Ethics, Julian Huxley diz: “Minha fé está nas possibilidades do homem: espero o êxito de minhas razões para aquela fé” (p. 212). O existencialismo ateu, por sua vez, defende a ideia de que o homem é o ser pelo qual o nada vem ao mundo. “No estado de abandono em que se encontra, o homem deve inventar seus caminhos”, diz o filósofo Felicien Challaye. Vemos, portanto, que uma grande fatia da humanidade nega a existência do Oleiro.

Por outro lado, há os que creem na existência do Oleiro, mas não se submetem ao toque de Suas mãos. São insubmissos. O perigo reside nesse ponto. Há alguns anos, um pastor me disse: “Nasci num lar adventista, estudei em nossas escolas, frequentei regularmente as reuniões da igreja e, para agradar a meus pais, cursei Teologia. Trabalhei vários anos na Obra, mas só agora sei o que significa ser um vaso nas mãos de Deus. Meu relacionamento com Cristo e com a Organização era meramente formal. Hoje sinto a alegria de ser uma pessoa transformada pelo poder divino.”

Existe uma religiosidade de epiderme entre nós; uma espécie de maquiagem aqui e ali, tentando esconder a triste realidade espiritual de alguns. Enquanto isso persistir, não seremos barro submisso nas mãos do Oleiro. Precisamos do toque celestial. Você acha que seu caráter reflete o toque das mãos do Oleiro celestial ou a marca de uma religião mecânica?

Rubens S. Lessa, 10/2/2000, MM 2021, CPB

2 COMENTÁRIOS

  1. Importante reflexão, nossa natureza carnal é inimiga do Oleiro, necessitamos reconhecer de onde viemos e a grande necessidade de voltarmos para nossa origem, que é o nosso Criador. Só Ele pode fazer a manutenção correta em nós, só Ele pode nos dar sentido em nossas vidas e a libertação que tanto procuramos preencher com tantas outras coisas. Ó Deus, cria em mim um novo coração!

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