A Tua vereda passou pelo mar, o Teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as Tuas pegadas. Salmo 77:19, NVI

Deus Se move de forma misteriosa. Os cristãos da Inglaterra cantam há muito tempo essas famosas palavras iniciais de um hino composto no século 18 por William Cowper (1731-1800). O que nem todos conhecem é a circunstância incomum na qual o hino foi escrito. Cowper, um dos poetas mais populares de sua época, era cristão e amigo de John Newton, autor do hino “Graça Excelsa”. No entanto, era frequentemente assolado pela depressão, abrigando ideias suicidas. Para piorar, depois de um sonho em 1773, passou a achar que estava destinado à perdição eterna.

Numa noite envolta em neblina, ele estava mergulhado nas profundezas do desespero. O mau tempo era uma metáfora viva de seu estado mental. Cowper chamou uma carruagem puxada a cavalos, o táxi da época, e pediu para o cocheiro seguir para a London Bridge. “Por que alguém iria querer ir à London Bridge a esta hora da noite, com este tempo, senhor?”, perguntou o cocheiro, sem obter resposta. Depois de duas horas andando em meio ao denso nevoeiro, o cocheiro admitiu que estava perdido. Desgostoso com a demora, Cowper desceu, disposto a chegar à ponte a pé. Mas percebeu que estava em frente à entrada da própria casa. Imediatamente, reconheceu que a mão de Deus havia guiado os cavalos, que ficaram andando em círculos, impedindo que ele chegasse ao Tâmisa, onde pretendia cometer suicídio.

Convencido pelo Espírito de Deus, ele percebeu que o caminho para sair de seus problemas era olhar para Deus, e não pular no rio. Pegou a Bíblia e leu o Salmo 77. Depositando os fardos sobre o Senhor, sentiu conforto no coração. Com gratidão, escreveu estas palavras: “Deus Se move de forma misteriosa / Para realizar Suas maravilhas. / Ele imprime Suas pegadas no mar / E cavalga sobre a tempestade.”

Séculos antes de Cowper, o salmista também se sentia deprimido, desanimado e solitário. Ele não conseguia ver a mão de Deus guiando sua vida. Para ele, Deus havia Se esquecido de Seu povo. Parecia que o amor divino tinha acabado. Das promessas, nada restara. Ele não conseguia falar nem cantar. Porém, finalmente, ele percebeu que Deus ainda era o mesmo que havia caminhado pelo meio do mar para abrir caminho para Seu povo. Ninguém vira as pegadas divinas, mas Deus estava lá. Ao resgatar as memórias do poder divino, ele recuperou sua confiança.

Se você está envolto em denso nevoeiro, como Cowper ou Asafe, não pegue uma carruagem para o rio; vá logo para o mar e veja as pegadas de Deus. Um Deus que Se move de maneira misteriosa.

Marcos De Benedicto, 3/6/2016, MM 2021, CPB

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