Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1:27

O título desta reflexão pode soar em três tons diferentes. O primeiro expressa a sensação de encanto que temos diante de um belo quadro da natureza ou ao admirar o trabalho irretocável de um grande artista. Esse é o sentimento que, de acordo com alguns estudiosos das artes, teria envolvido Michelangelo depois de concluir a escultura “Moisés”. Extasiado com a perfeição da obra, ele teria batido com o cinzel no joelho da escultura e ordenado: “Fala!” Da mesma forma, numa viagem às nossas origens, imagino o Artista supremo expressando Seu sentimento de satisfação: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1:31). Não que ficasse surpreso com a própria capacidade criadora, mas, sendo Ele o Criador da beleza e perfeição, é também seu admirador maior.

Criado à imagem de Deus, o ser humano deveria espelhá-la “tanto na aparência exterior quanto no caráter” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 45). De acordo com Joseph Benson, “na imagem natural, mas especialmente na imagem moral, na conformidade de todos os seus poderes com a vontade de Deus; seu entendimento claramente discernido, julgamento correto, suas afeições e escolhas abraçando seu principal bem; sem erro no conhecimento, sem desordem nas paixões nem irregularidade ou descontrole de seus apetites. Todas as faculdades do corpo e da mente postas a serviço da glória de Deus e da própria felicidade” (Commentary of the Old and New Testaments, Gn 1:27).

Assim, o ser humano foi criado como uma cópia da santidade e da qualidade de vida divina. Todavia, com a essência dessa semelhança tendo sido manchada pelo pecado, hoje imaginamos o que éramos, o que deveríamos ser, mas não somos. Então, em tons de lamento, expressamos: “Que imagem desfigurada!” Ela está extremamente distorcida por meio de um destruidor processo do mal que parece só aumentar no transcurso dos séculos.

Entretanto, imagens estragadas e sem valor algum podem ser restauradas. Não somos irrecuperáveis, desde que nos entreguemos aos cuidados do Autor e Restaurador da imagem: o próprio Deus. Ele está trabalhando, e não temos a menor condição de dar a Ele opiniões quanto ao que deva ser transformado. Ele sabe, tem como fazê-lo e fará. Isso nos remete ao momento em que, com a imagem divina refeita em nós, vamos dizer entre suspiros: “Que imagem!” Não dá para descrever isso agora, mas nada perdemos por esperar com fé.

Zinaldo A. Santos, MM 2020, CPB

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