PRINCÍPIOS DO LOUVOR QUE EXALTA A DEUS
Não é segredo que a música, especialmente a de natureza religiosa, é um dos tópicos mais debatidos no cristianismo. Sempre que nos deparamos com uma questão tão complexa e difícil de resolver, é essencial estudar as Escrituras e os escritos de Ellen G. White para obter princípios orientadores sobre como deve ser nossa música de adoração.
O assunto torna-se cada vez mais relevante à medida que nos aproximamos da crise final da história deste mundo. De acordo com Apoc.13 e 14, a adoração será o ponto focal que definirá o destino de cada ser humano. Teremos que escolher entre adorar a besta (e sua imagem) e adorar a Deus. Adorar o Deus verdadeiro é tão importante quanto adorá-Lo da maneira correta. Será que, mesmo com as melhores intenções, ao usar músicas inadequadas, muitos cristãos estão adorando de maneira errada?
A Bíblia apresenta muitos exemplos de pessoas que adoraram a Deus, relatando os motivos pelos quais o fizeram. Com base nessas informações, podemos definir a adoração como a atitude de humildade, reverência, honra, devoção e adoração dos seres criados para com seu Criador, em reconhecimento aos Seus atributos (Sl 99:9; Ap 15:4) e Seu poder criador (Ap 4:10; 14:7), redentor (2Rs 17:36; Ap 5:9) e protetor (Sl 59:16; 118:21).
A adoração é uma experiência pessoal, mas também é uma atividade familiar e comunitária. Nossacompreensão de Deus determina como nos aproximamos Dele e O adoramos. Portanto, é essencial saber, de acordo com a Bíblia, quem é Deus. O atributo da santidade divina destaca-se como essencial à natureza de Deus (Fernando Canale, “Principles of Worship and Liturgy”, Journal of the Adventist
Theological Society, v. 20, nº 1-2, 2009, p. 98).
A SANTIDADE DE DEUS E SEU POVO
Após a queda de Adão e Eva, a adoração prestada pelos seres humanos ficou manchada, pois o pecado afetou a todos nós. Não é o caso dos anjos, que não caíram em pecado.
Uma das passagens mais instrutivas sobre a adoração celestial é Isaías 6, “o principal texto bíblico sobre adoração” (Lilianne Doukhan, In Tune With God [Autumn House, 2010], p. 99). Isaías viu o Senhor sentado em Seu trono, cercado por serafins que cantavam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória (Is 6:3). A mesma confirmação é vista no livro de Apocalipse, em que João viu quatro seres viventes ao redor do trono de Deus, dizendo: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4:8).
As coisas santas não santificam os objetos profanos; pelo contrário, quando essas duas categorias entram em contato, o profano contamina o santo
O fato de Deus ser santo exige que Seus filhos também o sejam. O problema é que somos pecadores por natureza. No entanto, quando nos arrependemos de nossos pecados e os confessamos a Deus, Ele nos aceita como Seus filhos, perdoa nossos pecados e nos declara santos, separando-nos para Ele. Esse novo status nos permite, por meio da fé Nele e por Sua graça, crescer no processo de santificação, que “não é obra de um momento, de uma hora, de um dia, mas da vida toda” (EGWhite, Atos dos Apóstolos, p. 560; veja também Rm 6:19, 22; 1Ts 4:3).
Um Deus santo, que graciosamente concede um status de santidade a Seus filhos e ordena que eles cresçam em santidade moral durante toda a vida, também exige que tudo relacionado à adoração seja santo, tanto em casa quanto na igreja.A música oferecida pelo coro de serafins (Is 6:3; Ap 4:8) é um modelo que devemos seguir ao fazer música na presença do Senhor. “A música faz parte da adoração a Deus nas cortes do Céu, e em nossos cânticos de louvor devemos tentar nos aproximar o máximo possível da harmonia do coro celestial” (EGWhite, Patriarcas e Profetas, p. 594). O cântico de adoração dos anjos revela que o reconhecimento da santidade de Deus é a base da verdadeira adoração e da música religiosa.
A SANTIDADE DE DEUS E A MÚSICA SACRA
A partir de nossa compreensão do conceito bíblico da santidade de Deus e dos escritos de Ellen G. White, surgem princípios específicos para a música religiosa, tanto em nível pessoal quanto corporativo.
Atualmente, a necessidade na música de fazer diferença entre o santo e o profano (Lv 10:10) é mais relevante do que nunca. Inerentemente, toda música produz nos ouvintes uma associação com ideias e experiências. “Os estilos musicais vêm com um pacote cultural. Eles geralmente são associados a lugares, pessoas e ações” (In Tune With God, p. 71). Associamos certos tipos de música a ambientes, atitudes e modos de vida específicos. Portanto, conforme diz a declaração oficial da igreja sobre o tema, “a música sacra não deve evocar associações seculares nem convidar à conformidade com padrões mundanos de pensamento ou ação”.
Com relação à música vocal, a letra biblicamente correta não é suficiente para que uma música seja apropriada para adorar o Senhor. O caráter da música em si deve servir “a um santo propósito, elevando os pensamentos para aquilo que é puro, nobre e edificante, e despertando na alma devoção e gratidão a Deus” (Patriarcas e Profetas, p. 594).
Entretanto, nem todos os estilos musicais cumprem essa finalidade. Os estilos musicais foram criados para atingir propósitos definidos em ambientes específicos. Portanto, ao contrário de uma ideia predominante, o estilo musical não é um veículo neutro para a mensagem cristã. “Um vasto conjunto de estudos musicológicos mostrou que, em vez de ser um quadro em branco para a injeção de conteúdo proposicional por meio de letras cantadas, o estilo musical em si comunica um conjunto específico de ideias e valores para ouvintes cultos” (Monique M. Ingalls, “Style Matters: Contemporary Worship Music and the Meaning of Popular Musical Borrowings”, Liturgy, v. 32, n° 1, 2017, p. 7, 8). De fato, “os estilos musicais são carregados de valores religiosos – eles são verdadeiras personificações de crenças sobre a realidade”(Wolfgang H. M. Stefani, “The Concept of God and Sacred Music Style” [Tese de doutorado, Universidade Andrews, 1993], p. 278).
A música mais apropriada é aquela em que há uma combinação perfeita de letra e música, de modo que a letra e a música retratam a mesma mensagem.