Os patriarcas do dilúvio ao Êxodo

A lista dos patriarcas pós-diluvianos está em Gênesis 11. Arfaxade nasceu 2 anos depois do dilúvio, quando Sem tinha 100 anos. Salá nasceu 35 anos mais tarde, e Héber, 30 anos depois disso. A lista continua até Tera e Abraão. Contudo, Abraão não nasceu quando Tera tinha 70 anos; esse é um caso semelhante ao de Sem, pois Abraão, embora nomeado primeiro, não era o filho mais velho. Quando ele nasceu, seu pai não tinha 70 anos, mas 130, pois Abraão tinha 75 quando Deus o chamou para ir a Canaã e fez uma aliança com ele depois de Tera ter morrido aos 205 anos (Gen.11:32; 12:1-4).

Embora a lista dos patriarcas com a idade deles termine com Abraão (Gen.11:26), sabe-se que Isaque nasceu quando seu pai tinha 100 anos (21:5) e Jacó 60 anos depois disso (25:26).

Os dados de Gênesis sobre a idade dos patriarcas se estendem até a chegada de Jacó ao Egito (47:9), aos 130 anos. A partir disso é possível calcular que ele tinha 91 anos quando José nasceu, mas o ano do nascimento de José não ajuda a prolongar a linha cronológica, pois ai terminam os dados referentes às idades.

O intervalos de tempo transcorrido desde a migração de Jacó até o êxodo deve se derivar dos 430 anos de Êxodo 12:40-41. Mesmo assim, qualquer contagem ininterrupta desde a criação até o êxodo é possível somente caso se suponha que a lista dos patriarcas não deixou de fora nenhuma geração.

Os 430 anos

A “posteridade” de Abraão seria “peregrina em terra alheia”, serviria a uma nação estranha e seria afligida, e esse período duraria 400 anos (Gen.15:13). A tradução dessa passagem do hebraico não deixa claro que a permanência, servidão e aflição estejam incluídas nos 400 anos, mas isso está implícito no paralelismo invertido da sentença hebraica. Isaque, a semente prometida de Abraão, cujos descendentes veriam o cumprimento completo dessa profecia, era um peregrino e cedo na vida começou a ser “afligido” por seu rival, Ismael (Gen.21:8-12). Um período de 430 anos também termina no êxodo, abrangendo o “tempo” em que os filhos de Israel habitaram no Egito (Ex.12:40), não somente as fases de servidão e aflição. Isso se explica com uma referência do Novo Testamento aos 430 anos entre a aliança com Abraão e a promulgação da lei no Sinai, logo após o êxodo.

Ambos os períodos podem ser harmonizados se os 430 anos forem contados a partir de 30 anos depois, a época em que Isaque, como criança, começou a ser perseguido por Ismael depois de ser confirmado como a “descendência” (Gen.21:8-12). O povo hebreu se autodenominava “descendência de Abraão” e “filhos de Israel”. Paulo evidentemente interpretou a segunda frase, usada em Êxodo 12:40, com o significado da primeira.

Duzentos e quinze anos no Egito

Uma interpretação popular desses períodos que abrangem a permanência e a aflição dos descendentes de Abraão tem causado confusão quanto ao tempo em que Israel ficou no Egito. O intervalo entre o chamado de Abraão aos 75 anos e o êxodo foi de 430 anos, dos quais 215 já haviam se passado quando Jacó foi ao Egito (sendo 25 anos até o nascimento de Isaque no 100o ano de Abraão, mais 60 da idade de Isaque quando Jacó nasceu, e mais 130 da idade de Jacó na sua migração, um total de 215 anos). Portanto, o restante dos 430 anos, correspondente à permanência no Egito, foi de 215 anos. Se este tempo parece curto no Egito, deve-se considerar que Moisés era o neto (e também o bisneto) de Levi (Num.26:57-59), que chegou ao Egito adulto. Esse fato não se ajustaria a um intervalo de 400 anos, mas seria bem possível num de 215 anos, de acordo com o período de vida de Levi. Comentário Bíblico Adventista, V.1, p.162-163.

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