Alguns foram torturados […]; outros passaram pela prova de escárnio e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos ao fio da espada; andaram peregrinos, […] necessitados, afligidos e maltratados (homens dos quais o mundo não era digno). Hebreus 11:35-38
Caso nosso passeio pela galeria da fé terminasse ontem, poderíamos dizer que a visão contemplada era paradisíaca. Encontramos homens e mulheres que lutaram bastante, sofreram muito, mas venceram impulsionados pela fé. Entretanto, na metade do verso 35, Paulo segue outra direção. E menciona um grupo de fiéis torturados, aprisionados, extremamente necessitados, alguns dos quais depuseram a vida no altar do sacrifício. Como entender o papel da fé em tal experiência? Não seria justo esperar que cristãos fiéis estivessem imunes a tragédias?
Há ocasiões em que experimentamos a emoção de grandes vitórias, e momentos em que sofremos a agonia de aparentes fracassos. Contudo, aqui, nos deparamos com a segunda das duas ações da fé em nossa experiência: ela nos habilita a suportar derrotas. Algumas vezes, pela fé, somos protegidos de sofrimento, perdas e morte. Em outras, ela nos conduz firmes, confiantes e sem vacilar através da dor. Em qualquer situação, favorável ou não, devemos manter a fé. “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11:6).
Jesus Cristo mencionou que, como um grão de mostarda, a fé tem o potencial de crescer. Por isso, devemos exercitá-la sempre. A primeira razão para mantermos a fé nas vitórias ou derrotas é que essa atitude a aprofunda e a fortalece. A segunda é que, assim, desenvolvemos o preparo necessário a fim de experimentarmos a vitória final.
Os heróis de Hebreus 11 foram torturados, maltratados e mortos, mas não cederam. Eles demonstraram que eram corajosos diante de perigos e dificuldades por causa da fé nas promessas divinas. Sua fidelidade representou para eles grande auxílio em momentos de crise. Embora não tenham desfrutado a herança prometida a Abraão, vão desfrutá-la conosco. A providência divina determinou que eles “não fossem aperfeiçoados sem nós”.
Mantenhamos a fé. Por meio dela, “podemos olhar para o que ainda há de vir, e vislumbrar a promessa de Deus […]. Podemos nos alegrar porque tudo aquilo que tenha restado confuso nas providências de Deus será esclarecido. As coisas difíceis de entender terão uma explicação. Onde nossa mente via apenas confusão e propósitos desconexos, veremos a harmonia mais perfeita e bela” (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 112).
Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB