Quando a voz de Deus der fim ao cativeiro de Seu povo, ocorrerá um terrível despertamento em meio àqueles que perderam tudo no grande conflito da vida. Cegos pelos enganos de Satanás, os ricos se orgulhavam de ser melhores do que os menos favorecidos. Haviam deixado de alimentar os famintos, vestir os nus, exercer a justiça e amar a misericórdia. Então perderam tudo que os tornava grandes e ficaram sem nada. Com terror, assistem à destruição de seus ídolos. Venderam a própria alma por prazeres terrenos e não se tornaram ricos para Deus. Sua vida foi um fracasso e seus prazeres ficaram amargos. Os ganhos de uma vida inteira vão embora em um instante. Os ricos lamentam a destruição de suas grandiosas casas, a dispersão de seu ouro e de sua prata e temem perecer com seus ídolos. Os ímpios lamentam os resultados, por serem como são, mas não se arrependem de sua maldade.

Os pastores que sacrificaram a verdade a fim de conquistar a aprovação popular agora reconhecem a influência de seus ensinos. Cada linha escrita, cada palavra proferida que levou outros a descansar seguros no erro estavam lançando a semente e agora eles veem a colheita de perdidos ao seu redor. Assim diz o Senhor: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do Meu pasto! […] Eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos” (Jr 23:1, 2). “Vocês, mentindo, desencorajaram o justo contra a Minha vontade, e encorajaram os ímpios a não se desviarem dos seus maus caminhos para salvarem a sua vida” (Ez 13:22).

Líderes religiosos e pessoas em geral veem que se rebelaram contra o Autor de toda lei justa. Deixando de lado as leis de Deus, abriram caminho para milhares de fontes para o mal, até a Terra se tornar um vasto campo de corrupção. Não há palavras adequadas para expressar o anseio que os desleais sentem por aquilo que perderam para sempre – a vida eterna.

As pessoas acusam umas às outras de haverem sido responsáveis pela destruição, mas todas se unem na mais amarga condenação aos pastores infiéis que profetizaram “coisas agradáveis” (Is 30:10), levando seus ouvintes a invalidar a lei de Deus e a perseguir aqueles que queriam santificá-la. “Estamos perdidos!”, exclamam. “E vocês são os culpados.” As mesmas pessoas que antes os cobriam de honras e elogios vão se voltar contra eles para destruí-los. Por toda parte, haverá conflito e derramamento de sangue.

Por longas eras o Filho de Deus e os mensageiros celestiais estiveram em conflito com o maligno, a fim de advertir, esclarecer e salvar os filhos dos homens. Agora, a decisão de todos está tomada; os ímpios se unem completamente a Satanás em sua luta contra Deus. A controvérsia não é somente com Satanás, mas também com os homens. “O Senhor faz acusações contra as nações” (Jr 25:31).

O anjo da morte

Então o anjo da morte sairá, representado na visão de Ezequiel pelos homens com armas de extermínio, os quais recebem a ordem: “Matem, sem piedade ou compaixão, velhos, rapazes e moças, mulheres e crianças. Mas não toquem em ninguém que tenha o sinal. Comecem pelo Meu santuário. Então eles começaram com as autoridades que estavam na frente do templo”, ou seja, aqueles que alegavam ser os guardiães espirituais do povo (Ez 9:6).

Os falsos atalaias foram os primeiros a cair. “O Senhor está saindo da Sua habitação para castigar os moradores da Terra por suas iniquidades. A terra mostrará o sangue derramado sobre ela; não mais encobrirá os seus mortos” (Is 26:21). “Naquele dia, grande confusão causada pelo Senhor dominará essas nações. Cada um atacará o que estiver ao seu lado” (Zc 14:13).Na luta ferrenha das próprias paixões desenfreadas e pelo derramamento da ira de Deus sem mistura, sacerdotes, governantes e indivíduos maus cairão. “Naquele dia, os mortos pelo Senhor estarão em todo lugar, de um lado ao outro da Terra” (Jr 25:33).

Na volta de Cristo, os ímpios serão destruídos pelo resplendor de Sua glória. Cristo levará Seu povo para a cidade de Deus, e a Terra não terá mais habitantes. “Vejam! O Senhor vai arrasar a terra e devastá-la; arruinará sua superfície e espalhará seus habitantes. […] A terra será completamente arrasada e totalmente saqueada. Quem falou esta palavra foi o Senhor. […] Desobedeceram às leis, violaram os decretos e quebraram a aliança eterna. Por isso a maldição consome a terra, e seu povo é culpado. Por isso os habitantes da terra são consumidos pelo fogo” (Is 24:1, 3, 5, 6).

O planeta parecerá um deserto desolado. As cidades estarão destruídas por terremotos, com árvores arrancadas, pedaços de rochas tirados da terra e espalhados pela superfície. Grandes cavernas marcarão o local onde as montanhas foram retiradas de seus fundamentos.

O exílio

Agora se cumpre o evento prefigurado pelo último rito solene do Dia da Expiação. Depois que os pecados de Israel eram removidos do santuário por meio do sangue da oferta pelo pecado, o bode emissário era apresentado vivo perante o Senhor. O sumo sacerdote confessava “todas as iniquidades e rebeliões dos israelitas […] sobre a cabeça do bode” (Lv 16:21). De maneira semelhante, quando Jesus tiver terminado a obra de expiação no santuário celestial, então, na presença de Deus, dos anjos celestiais e das hostes de remidos, os pecados do povo do Senhor serão colocados sobre Satanás. Ele será declarado culpado de todo mal que levou os fiéis a cometer. Assim como o bode emissário era enviado para uma terra não habitada, Satanás será exilado na Terra desolada.

Após narrar as cenas da volta de Jesus, João continua: “Vi descer dos Céus um anjo que trazia na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo” (Ap 20:1-3).

O “abismo” representa a Terra em confusão e trevas. Aguardando com expectativa o grande dia de Deus, Jeremias declarou: “Olhei para a Terra, e ela era sem forma e vazia;1 para os céus, e a sua luz tinha desaparecido. Olhei para os montes e eles tremiam; todas as colinas oscilavam. Olhei, e não havia mais gente; todas as aves do céu tinham fugido em revoada. Olhei, e a terra fértil era um deserto; todas as suas cidades estavam em ruína” (Jr 4:23-26).

Aqui será o lar de Satanás com seus anjos maus por mil anos. Limitado à Terra, ele não terá acesso a outros mundos para tentar e perturbar aqueles que nunca caíram. Nesse sentido, estará “preso”. Não restará ninguém sobre quem ele possa exercer seu poder. Será privado da obra de engano e ruína que tem sido seu único prazer.

Aguardando com expectativa a derrota de Satanás, Isaías exclamou: “Como você caiu dos Céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à Terra, você, que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: ‘Subirei aos Céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus. […] Serei como o Altíssimo’. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo! Os que olham para você admiram-se da sua situação, e a seu respeito ponderam: ‘É esse o homem que fazia tremer a Terra, abalava os reinos, fez do mundo um deserto, conquistou cidades e não deixou que os seus prisioneiros voltassem para casa?’” (Is 14:12-17).

Por seis mil anos, a prisão domiciliar de Satanás recebeu o povo de Deus, mas Cristo quebrou suas correntes e libertou os prisioneiros. Sozinho com seus anjos maus, Satanás reconhece as consequências do pecado: “Todos os reis das nações jazem honrosamente, cada um em seu próprio túmulo. Mas você é atirado fora do seu túmulo, como um galho rejeitado […]. Você não se unirá a eles num sepultamento,
pois destruiu a sua própria terra, e matou o seu próprio povo” (v. 18-20).

Por mil anos, Satanás contemplará os resultados de sua rebelião contra a lei de Deus. Ele sofrerá intensamente. Será deixado para refletir no papel que desempenhou desde sua rebelião e a aguardar com terror o temível futuro no qual será punido. Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreições, acontecerá o julgamento dos ímpios. Paulo mostra que esse evento ocorrerá após o segundo advento (1Co 4:5). Os justos reinarão como reis e sacerdotes. João disse: “Vi tronos em que se assentaram aqueles a quem havia sido dada autoridade para julgar. […] serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante mil anos” (Ap 20:4, 6). Nessa ocasião, “os santos hão de julgar o mundo” (1Co 6:2). Em união com Cristo, eles julgarão os ímpios, decidindo cada caso de acordo com os atos feitos no corpo. Então o castigo que os maus sofrerão será definido segundo suas obras e registrado
junto a seus nomes no livro da morte.

Cristo e Seu povo julgarão Satanás e os anjos maus. Paulo disse: “Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos?” (1Co 6:3). Judas declarou: “Quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia” (Jd 6).

Ao fim do milênio, acontecerá a segunda ressurreição. Então os ímpios ressuscitarão dos mortos e aparecerão diante de Deus para a execução da “sentença escrita” (Sl 149:9). Assim João explica: “O restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos” (Ap 20:5). E Isaías declara, em relação aos ímpios: “Eles serão arrebanhados como prisioneiros numa masmorra, trancados numa prisão e castigados depois de muitos dias” (Is 24:22). EGWhite, GC, p. 270-273

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