Por que os perversos continuam com vida, chegam à velhice e se tornam poderosos? Jó 21:7
Em Jó 21, começa o terceiro e ultimo ciclo de discursos de Jó e seus amigos, sendo que Zofar não participa dele. Jó busca consolação no privilégio de ser ouvido. “Permitam-me falar, e depois podereis zombar. Minha queixa não é contra os seres humanos; tenho bons motivos para me impacientar” (v.1-4).
Então começa a fazer uma analise da realidade dos ímpios, e “só de pensar nisso fica perturbado”, pois seu raciocínio é forte de mais, contrariando as afirmações de seus amigos:
- os perversos curtem sua velhice e se tornam mais poderosos;
- contemplam o crescimento de seus filhos e de sua descendência;
- suas casas têm paz;
- seus toros procriam e suas novilhas têm cria e não abortam;
- seus filhos correm e saltam de alegria;
- passam seus dias em prosperidade e, em paz, descem à sepultura;
- nunca se interessaram por Deus, nem desejaram conhecer os Seus caminhos;
- Quem é o Todo-Poderoso para que o sirvamos?;
- quantas vezes lhes sobrevém a destruição?;
- Deus deveria fazer com que eles pagassem por seus crimes ainda em vida;
- depois de morto, qual o interesse deles por sua casa, ou seus filhos? (v.5-21);
Jó desejava que seus amigos estivessem certos em sua insistência de que o ímpio recebe a recompensa nesta vida, mas a experiência lhe ensinou que eles não estão corretos em seu ponto de vista. Jó defende a ideia de que não só os filhos dos ímpios sejam punidos, mas o próprio ímpio ainda em vida. Tanto o ímpio, que morre em pleno vigor, como o justo, que morre na amargura do seu coração, sem ter provado o bem, jazem no pó, onde os vermes os cobrem (v.23-26).
Não há uma norma confiável pela qual explicar o sofrimento ou a ausência dele na vida de alguém. Jó entende que a filosofia de seus amigos está errada, sobre a retribuição divina nesta vida. Ela não é comprovada pelos fatos da experiência humana. Não há consolo no que “vocês dizem, porque não falam a verdade” (v.27-34).
As declarações de Jó são mais profundas, mostrando que não existe uma lógica, ou uma regra, sobre o “aqui se faz, aqui se paga”. Tudo acontece no tempo de Deus.