A semana passada assisti a este filme, e achei que tinha uma mensagem muito boa para todos nós, pois as vezes colocamos prioridades naquilo que não é tão importante, e deixamos em um segundo plano o que realmente importa.

Dono de um Peugeot 505, Sebastián (Rodrigo De la Serna) é um homem de 35 anos recém-casado e precisando de dinheiro. Para solucionar o problema, ele decide usar seu carro para se tornar motorista particular. Khalil (Ernesto Suarez), um idoso muçulmano, torna-se cliente assíduo de Sebastián e, certa manhã, lhe oferece uma alta quantia em dinheiro para ser levado de Buenos Aires, na Argentina, até La Paz, na Bolívia. Relutante, Sebastián aceita a viagem planeja minuciosamente pelo velho.

O filme começa sem graça, apenas com cenas de pessoas fumando e bebendo, além de jogar conversa fora. Ele somente se torna interessante a partir do momento em que Sebastian resolve fazer a viagem com o senhor Khalil. Os diferentes problemas que ocorrem no percurso fazem com que Sebastian começa a enxergar a vida de uma forma diferente. Antes a preocupação maior dele era preservar o Peugeot herdado de seu pai. Depois, ele permite até que um cachorro, e no final dois, sigam como passageiros. Os cuidados que ele tem para com o idoso passageiro, também fazem ele esquecer de si mesmo e passar a se preocupar com Khalil.

Embora termine de forma abrupta e seja bastante burocrático na abordagem feita para o trajeto entre Buenos Aires e La Paz, o filme tem ótimos momentos cômicos marcados pela relação entre Sebastián (Rodrigo De la Serna) e Khalil (Ernesto Suarez), uma relação marcada pelo gênio forte dos dois personagens e que aos poucos ganha de cada um uma nuance de amizade e de confiança que em dado momento da projeção chega a nos emocionar. Outras surpresas são adicionadas no meio do caminho e fazem da viagem um divertimento trágico, tanto pela condição de saúde do velho muçulmano quanto pela situação financeira e motivo principal pelo qual Sebastián aceitou fazer o trajeto.

As camadas trágicas e o fator cultural e religioso — Khalil era adepto do islamismo — nos mostram que a discussão sobre a existência e o acaso (ou não acaso) da vida colocam Camino a La Paz em um outro rumo. O filme nos entretém através da boa escolha para as canções na trilha sonora e para as composições originais da fita, além da maioria das tomadas das rodovias durante a viagem. É claro que ao se tratar de um road movie, falta maior exploração da viagem em si, particularidade que o roteiro deixou de lado para dar atenção a coisas que pouco acrescentam à história, como algumas cenas nos hotéis no meio da estrada e a parada para um ritual muçulmano.

A amizade improvável e as ótimas atuações dos atores principais salvam o filme pela simpatia. O público é conquistado pela entrega feita de um personagem para o outro e também se dispõe a aprender e entregar-se, comprando a ideia principal do roteiro e percebendo, ao término, que o caminho até La Paz (uma metáfora à aceitação, ao contato com o desconhecido) é também o nosso caminho através da vida.

Vale a pena assistir, Eu recomendo!

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