O cristianismo surgiu em uma época na qual a Palestina estava sob domínio romano. A Bíblia nos conta que José e Maria viajaram de Nazaré a Belém por causa de um decreto de recenseamento promulgado por César Augusto (Lc 2:1-5), cujo nome verdadeiro era Gaio Otávio (63 a.C.-14 d.C.). Após derrotar Marco Antônio e Cleópatra, Otávio se tornou o primeiro governante de toda a República Romana. Em 16 de janeiro de 27 a.C., o Senado votou novos títulos para ele, que se tornou oficialmente Imperator Caesar Divi Filius Augustus. Entretanto, os historiadores normalmente se referem ao monarca apenas como Augusto.
O imperador romano costumava ser tratado como uma figura divina, a quem eram dedicados templos, altares e sacerdócios. Ele era considerado “deus” ou “filho de deus”. Mas “a questão da divindade absoluta, isto é, da natureza divina, não era muito relevante na antiguidade pagã. Aquilo que era expresso na adoração imperial consistia na divindade relativa, ou seja, no status divino e no poder absoluto que ele desencadeava em relação aos adoradores” (Ittai Gradel).
Durante o julgamento de Jesus, Pilatos fez a pergunta: “Hei de crucificar o vosso rei?” A multidão precisava decidir a quem seria leal. Os principais sacerdotes estavam presentes, e as cerimônias diárias que ministravam prefiguravam o santo sacerdócio de Cristo. Eles deveriam ter sido os primeiros a honrá-Lo e defendê-Lo. Em vez disso, porém, bradaram em blasfêmia: “Não temos rei, senão César!” O Messias foi rejeitado por eles, mas não por Deus.
Jesus foi glorificado por meio de Sua mais profunda humilhação (Jo 12:23, 24). Conforme declara Filipenses 2:9 a 11, “pelo que também Deus O exaltou sobremaneira e Lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.
Em contraste com aqueles cuja lealdade se resumia a César, Paulo se referiu ao nosso Senhor Jesus Cristo como “bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores” (1Tm 6:15). João viu o Cordeiro conquistando os reis da terra, “pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Ap 17:14; 19:16).
Que permaneçamos leais a Cristo, apesar de tudo aquilo que as multidões ao nosso redor estejam gritando. – Alberto Timm, Um dia inesquecível, MM 2018