A relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre. Isaías 40:8
A poetisa Cecília Meireles, uma das mais talentosas vozes líricas da literatura brasileira, estreou na vida no dia 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro, em meio a perdas. Seu pai morreu três meses antes do nascimento dela, e a mãe faleceu três anos depois.
Isso fez com que Cecília, criada pela avó, escrevesse mais tarde: “Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.” Marcada na infância pelo silêncio e a solidão, a poetisa completou: “A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.”
Antes de Cecília, que começou a revelar sua sensibilidade poética aos 9 anos, outros poetas chegaram à mesma conclusão de que a vida é finita, efêmera, transitória, curta demais para realizar nossos sonhos de eternidade. A vida é frágil como a flor, rápida como o vento, incerta como as ondas. Criados de pó, voamos celeremente para o nada.
Os escritores bíblicos usaram uma série de metáforas para expressar a finitude do ser humano. Para Moisés, os homens “são breves como o sono” e transitórios “como a relva” (Sl 90:5). No Salmo 102:11, um poeta hebreu anônimo (talvez Davi) compara seus dias a “sombras”. No salmo seguinte, Davi assinala que o homem “floresce como a flor do campo, que se vai quando sopra o vento” (Sl 103:15, 16). Numa passagem clássica, o profeta Isaías (40:6-8) proclama que “toda a humanidade é como a relva”, que murcha, “e toda a sua glória como as flores do campo”, que caem. No Novo Testamento, Pedro cita Isaías para enfatizar a ideia da transitoriedade (1Pe 1:24), e Tiago (4:14) afirma que a vida é “como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa”.
Entretanto, no mesmo contexto em que reconhecem a fugacidade da vida humana, os escritores bíblicos ressaltam a eternidade de Deus. Por isso, diante da nossa finitude, temos que buscar a infinitude do Criador. É preciso aprender a contar os dias, viver com sabedoria, não se apegar demais ao que é transitório e buscar o que é permanente. Afinal, somente o Senhor do tempo pode colocar a eternidade em nosso coração e a imortalidade em nosso corpo. Se você confiar no Deus infinito, ainda que seja efêmero como a flor, se tornará eterno como os diamantes.