Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Mateus 5:3, NVI
Em nosso cotidiano, a expressão “pobres de espírito” geralmente tem sido usada com desdém, como referência a pessoas simplórias, superficiais, de inteligência limitada, carentes de visão ou profundidade intelectual. Mas não era esse o significado que Jesus tinha em mente ao proferir as palavras de nosso verso de hoje. O termo grego para “pobres” indica pobreza extrema. Assim, “pobres de espírito” são pessoas conscientes de sua miséria espiritual, extremamente necessitadas das coisas que o reino do Céu disponibiliza.
O auditório para o qual Jesus falou era composto de pessoas com essa característica. Elas viviam desanimadas, decepcionadas e espiritualmente frustradas. A religião representava apenas superstição e cerimônias que não preenchiam o vazio interior. O orgulho, a presunção e a soberba dos líderes religiosos contrastavam com os sentimentos delas, levando-as a pensar que jamais corresponderiam ao ideal de espiritualidade que lhes era apresentado.
O ensino de Jesus, porém, trouxe novas perspectivas. Suas palavras caíram no coração das pessoas como chuva em terra seca. Sentiram que havia Alguém capaz de ler os segredos do coração e que Se compadecia delas. O reino do Céu foi posto ao alcance de todos. Não seria obtido por aqueles que se consideravam merecedores, tendo como base os próprios méritos. Soava revolucionário ouvir que esvaziar-se de si mesmo, ter espírito de renúncia e reconhecer a profunda necessidade espiritual eram as condições para o ingresso no reino de Deus. Era possível ter felicidade e, ouvindo as palavras de Jesus, as pessoas começaram a senti-la.
Todo aquele que julga ter alcançado a plenitude espiritual e vive satisfeito com essa pretensa condição ignora a necessidade de buscar a graça e a justiça divinas. Desse modo, fecha o coração ao Senhor e às bênçãos que Ele oferece. Essa é a trilha para a infelicidade, ao contrário daqueles que sentem a própria pequenez, abrem o coração a Cristo e se entregam para que Ele os transforme. Por isso, Jesus nos motiva a trocar a falsa riqueza espiritual pela verdadeira riqueza de Sua graça.
A pobreza espiritual que nos torna felizes é o reconhecimento de que, pensando ter tudo, sem Deus, nada temos. Imaginando nada ter, pela graça de Deus temos tudo.
Zinaldo A. Santos, De Coração a Coração, MM 2020, CPB